Há algo do nosso lado que não queremos ver
Esse é um texto dedicado àqueles que têm um gosto especial por histórias de terror. Quero, porém, já deixar todos tranquilos, pois não aconteceu nada comigo ou com a minha irmã e colega de quarto Eliana. Só minha noite de sono que foi por água abaixo.
Até uns cinco anos atrás, eu era fanático por filmes de terror. Sempre buscava na TV por assinatura canais em que estivessem passando esse tipo de filme e ficava atento às cenas mais marcantes. Depois de assistir “Atividade Paranormal”, no entanto, resolvi deixar de lado o gosto por essas produções, que, cada vez mais, mexem com aquilo que eu acredito: entidades que não vemos, mas podemos sentir próximas de nós.
Nesta segunda (19), quase meia-noite, solicitei à enfermagem que me posicionasse para dormir. Já no conforto, pronto para ser aspirado, a técnica me perguntou se tenho medo de fantasmas e eu respondi que sim. Ela então interrompeu o assunto, mas eu questionei se ela viu algo. Ela riu e disse que vê praticamente todos os dias, iniciando uma espécie de desabafo.
No plantão noturno, os profissionais daqui têm direito a um momento de descanso, quando vão para um quarto para dormir um pouco. Essa técnica estava em um desses momentos, mas quando fechava os olhos, sentia alguém puxando seus cabelos. Ela chegou a pensar que fosse sua colega que estava na cama ao lado, mas logo viu que a outra funcionária já estava em sono profundo.
A profissional então resolveu tentar dormir novamente, pensando se tratar apenas de uma sensação estranha. Mas assim que fechou os olhos, ela sentiu seu braço ser puxado. Sentou-se, olhou ao redor e viu uma moça. Ela era clara, loira e com vestimentas que poderiam ser da década de 1970.
O que mais me surpreendeu na história contada pela técnica de enfermagem é que ela falou com essa pessoa. Teve um momento em que a entidade sentou em sua perna e até disse seu nome: Nubia Stein.
Eu mesmo já tive algumas experiências que dão certos medos. Já cheguei a falar sobre minha primeira experiência paranormal, na casa de minha avó. Apesar de ter apenas um ano de idade, lembro claramente de ter visto minha mãe, que morreu dois dias depois que nasci.
Em uma noite na década de 1980, eu estava em um quarto grande com seis irmãos. Era de madrugada e eu estava todo coberto com um lençol fino. Via pelo tecido a luz acesa no meio do quarto, até que algo a encobriu. Dava para ver que havia alguém ali, mas eu não conseguia distinguir quem poderia ser. Com medo, fiquei coberto até que a “pessoa” saísse. Menos de um minuto depois, Tânia acordou em desespero e gritou. As atendentes vieram e perguntaram o que aconteceu. Tânia disse que viu um médico que trabalhava aqui e havia morrido dias antes, de câncer.
Algo parecido aconteceu em meados da década de 1990, após a morte de uma atendente que trabalhava aqui. Poucos dias depois, a vi passando na janela do quarto vizinho, que dava para a varanda.
Confesso que tenho muito medo dessas coisas e, por isso, decidi encerrar meu gosto por certo estilo de filme. Apesar dessa decisão, ainda tenho curiosidade quando passam trailers dessas produções na TV por assinatura. Mas não me atrevo a vê-los.
Eu não sei ao certo o que pode ter acontecido comigo, mas imagino que venha de certos traumas ou medo da solidão, do silêncio, do desconhecido. Eu sempre digo à Eliana que jamais devemos brincar com certas coisas e, assim, minha fé promove respeito a um Deus verdadeiro.
Mas, não sou perfeito. Tenho muitas falhas e, sem querer, acabo sendo bem ignorante. Nesta segunda mesmo, agi erroneamente com alguém que não merecia minha antipatia, mas não pude conter um acesso de raiva que naquele instante surgiu. Mas pedi perdão. Infelizmente, não foi para a pessoa e sim para Deus.
Realmente, existe algo do nosso lado que não queremos ver.