Vários Prismas, Infinitos Lados https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br Sun, 02 Sep 2018 02:36:17 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 O que você tem feito para que tudo dê certo? https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/09/01/o-que-voce-tem-feito-para-que-tudo-de-certo/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/09/01/o-que-voce-tem-feito-para-que-tudo-de-certo/#respond Sun, 02 Sep 2018 02:28:32 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1065
Meus caros leitores, venho aqui pedir perdão por ficar um tempo sem escrever. O último texto que publiquei foi sobre a minha inesquecível caminhada na Bienal Internacional do Livro, uma experiência maravilhosa. Na verdade estou em campanha eleitoral, já que decidi entrar na carreira política este ano. Tenho que ver os detalhes de minha campanha, mas uma boa parte será em minhas redes sociais.
Tempos atrás fui alertado pelo Grupo Folha que os blogueiros não devem escrever nada sobre política e não lembro, mas acho que também sobre religião e tal. Eu concordo! Política, sexo e religião não devem ser expostos aos pratos familiares. Eu considero meu espaço aqui na Folha um santuário onde posso expressar minhas poucas ideias, falar sobre minha vida, os filmes que tanto amo e também muitas gotas de meu passado que surgem como fotos castigadas pelo tempo.
Como escrevi acima, falando sobre o compromisso com minha campanha, não quero aqui falar da política em si, nada disso! Apenas quero expressar como tem sido meus dias, o que ando fazendo e o que pretendo, não falando de política, ok?
Todos os dias às 19h faço um “streaming” –serviço de transmissão online– pelo qual alguns poucos assistem minha maneira de jogar. Eu acho legal esse serviço, que no início foi apenas uma experiência com a presença de três ou quatro pessoas. Muitas vezes o contador de presença marcava que não havia ninguém me assistindo. Depois mostrava um e eu não sabia o que fazer, então mantinha a calma e continuava jogando para esperar mais alguém aparecer.
Foi assim durante alguns meses até que um amigo me deu a ideia de eu fazer transmissão ao vivo no meu canal no Youtube, no qual tenho mais de 43.000 inscritos. Pensei sobre o assunto e resolvi verificar o que aconteceria. Configurei meu Playstation 4 para fazer live no Youtube, respirei fundo e cliquei no botão “Iniciar Transmissão”. Esperei alguns segundos. De repente, ao chegar em menos de quatro pessoas, o marcador de presença disparou em 200, 600, 1.000, 1.700, 2.500 pessoas. Fiquei extremamente impressionado com aquilo e decidi manter minhas lives no Youtube.
Passado alguns meses, um grande Youtuber amigo meu fez um alerta sobre eu estar fazendo “gameplay” no meu canal, algo que o Google gosta. Segundo ele, o objetivo do Youtube é criação de conteúdo. Apenas jogar não é considerado pelo Google conteúdo criativo. Resolvi voltar ao padrão anterior. Antes de migrar para a outra plataforma expressei no vídeo, ao vivo, que daquele ponto em diante eu retornaria minha maneira anterior de fazer transmissão e, que eu gostaria que todos me assistissem no Twitch TV.
Me dediquei a semana toda no Twitch para mostrar minhas habilidades de jogar, e reservei as segundas para somente um bate-papo entre eu e meus inscritos no Youtube, que acontece das 19h às 20h.
Na semana passada um amigo me escreveu numa das minhas redes sociais para conversar comigo, mas quando eu vi a mensagem já era próximo de eu ir dormir e deixei para que pudéssemos conversar no dia seguinte. Ele, porém, deixou uma breve mensagem sobre qual seria o assunto de nossa conversa. Ele mora no Canadá e seu interesse de entrar em contato comigo foi para me oferecer uma nova plataforma de streaming, chamada StreamCraft. Fui dormir pensando na conversa do dia seguinte.
Não me lembro ao certo que dia isso aconteceu. Poderia ir na minha rede social para pegar os detalhes, mas não considero isso tão importante assim. Nossa conversa ocorreu por um aplicativo chamado Discord, semelhante ao Skype, no qual adiciono o contato da pessoa e fazemos videoconferência. Foi uma conversa um pouco mais de uma hora e ele me explicou os detalhes dessa nova plataforma, que é voltada à transmissão de jogos mobile, mas tem se dedicado para jogos de computadores e consoles de videogames.
Eu estava ansioso com tudo, mas migrar para uma plataforma nova a qual você é um verdadeiro estranho é meio complicado. Na plataforma que já tenho um certo tempo tenho 4.000 inscritos devido a ajuda de um amigo e, mesmo assim, não sei como fazer para que todos ou mais estejam presentes na StreamCraft. Nesta semana eu decidi assinar esse contrato que ao menos me deu um certo alívio, já que não ficarei preso a ela e tenho a liberdade de fazer transmissão em qualquer outra plataforma quando quiser.
Como eu disse, assinei o contrato. E agora, como farei? Bem, conversei com esse amigo que trabalha na sede dessa empresa no Canadá e avisei que farei minhas lives no período da tarde, às sextas, sábados e domingos. Isso me dará uma rotina de trabalho entre três e quatro horas. Meu amigo disse que isso era excelente.
Aí vocês me perguntam: e sua campanha, seus projetos? O que você tem feito para que tudo dê certo?
Tenho escrito muito sobre tudo o que planejo para conquistar o voto do povo. Não quero dar o ar daqueles políticos que expressam suas narrativas cheias de detalhes, como sobre o que fazer se tal órgão for privatizado. Não quero expressar aqui nada disso.
Mas vocês sabem onde moro. Para aqueles que jamais ouviram falar de mim, a capa de meu blog deixa claro quem sou. Se vocês derem uma lida em meus textos anteriores, alguns falam como durante anos vivi aqui dentro das entranhas de um instituto do maior complexo hospitalar da América Latina.
Veja, a vida de ninguém é fácil, sofremos todos os dias. A cada segundo nossos passos são de grande dores, mas eu sempre digo: somos muito mais do que a gente acredita ser. Muitos me questionam “e agora Paulo, como você fará para legislar?”. Eu não sei amigo, minha vida a Deus pertence e sei que tudo dará certo. Tenho a certeza de que minha vitória é certa e depois tudo se encaixará da maneira que deve ser.
Eu apenas quero ir muito além do que muitos vêm em mim. Não quero apenas ser um acamado, quero também ser útil à vida das pessoas. Eu me preocupo com cada um de vocês e quero que estejam bem e felizes. No que me for possível quando conclamar minha vitória, eu farei.
É fácil falar assim, né? Ontem mesmo amigos disseram que nada do que eu planejar dará certo. Deixa eu tentar, amigo! Quem sabe possa existir um milagre? Você não crê em milagres? Eu creio que tudo pode acontecer se for da vontade de Deus.
Mais uma vez me atrevo a ultrapassar a estimativa de vida que a mim condenaram pelo desconhecimento de uma doença que naquele tempo avassalava o mundo e deixou suas marcas em inocentes. Hoje, se não tomarmos cuidados, qualquer porta que esteja aberta, a poliomielite pode voltar sim. Até hoje vivo no berço da saúde, e por assim ser, quero a todos ofertar o dobro do que me foi dedicado. Farei isso após minha vitória nos quatro anos que a mim for confiado. Lutarei para tentar curar uma saúde que se encontra deveras doente.
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Uma grande emoção na Bienal Internacional do Livro em SP https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/08/20/uma-grande-emocao-na-bienal-internacional-do-livro-em-sp/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/08/20/uma-grande-emocao-na-bienal-internacional-do-livro-em-sp/#respond Mon, 20 Aug 2018 16:03:36 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1047 Há dias que me encontro bem, como hoje por exemplo. Sendo assim, quero poder compartilhar de um momento maravilhoso que tive no final de semana passado. Dois anos atrás, tive a grande oportunidade de ir na minha primeira Bienal Internacional do Livro. Fiquei imensamente encantado por estar em um evento cheio de maravilhas. Livros e mais livros dos quais eu não tinha ideia por onde olhar. Meu desejo era único, levar todos para mim.

Em junho, fiquei super feliz ao receber da organização do evento, um convite por e-mail para eu participar dessa nova edição da Bienal e assim, sábado passado chegou o grande dia. Sair um pouco do hospital é realmente como um conto de fadas. Sim, viver praticamente 50 anos em um leito hospitalar oferta um certo marasmo, mesmo tendo aqui comigo, computador, videogames, TV por assinatura e muito mais.

Você quer sair, quer viver a vida e só o fato de estar saindo do instituto e, de repente, devido ao inverno que estamos, sentir um vento gelado nos braços e pelo dia estar lindo –com um puro céu azul –, o calor do sol quase imperceptível faz-me claramente pensar na ciência e na astronomia que respondem a essa questão do vento estar mais frio do que o sol. Claro, estamos no inverno e a órbita que o nosso lindo e encantador planeta Terra faz em torno dele não se encontra exatamente no meio de nosso caminhar, assim, estamos mais distantes do sol.

Mas, vamos voltar ao que realmente interessa nesse momento em que eu estava sendo levado para dentro de uma ambulância. Pouco tempo depois de as portas do veículo se fecharem, começamos a andar. Depois de uma certa distância do hospital, peço gentilmente que o motorista acelere ligando a sirene para assim, chegar o mais rápido possível ao local do evento. Em meio a estrada, eu ficava na ansiedade do que eu encontraria, as grandes livrarias e as editoras, os livros de fantasia e ficção que tanto amo, sem deixar de dizer os mangás que tanto me delicio. Não demorou muito e, menos de uma hora, chegamos no destino.

No local, me levaram até a enfermaria. Assim, me transferiram para outra maca, pois a que eu estava era da ambulância, sendo assim, eu não poderia ficar com ela, pois eu inutilizaria a ambulância. Estando agora em outra maca, eu estava livre para ser levado aos lugares que tanto queria. Foram disponibilizados dois bombeiros para empurrar a maca nos estandes que eu quisesse ir. Assim, quando eu já estava confortado, pronto para caminhar, começa minha grande aventura.

De inicio, um dos bombeiros diz que é só falar para onde quero ir que eles me levarão. Já dentro do evento, com tantas ideias na mente, fiquei por um breve momento sem saber o que decidir, assim, o bombeiro pergunta o que quero ver primeiro. Pedi que me levassem para a Planeta De Agostini, então, ele pegou o mapa do evento, procurou pela editora e disse não encontrar. Pedi então que me levasse para a Darkside e infelizmente essa também não estava presente. Pensando em outra, perguntei se a Saraiva estava no evento, o que fiquei surpreso ao saber que não. Fnac e Cultura também não compareceram nessa edição da Bienal. Sem muita opção, disse então para irmos passeando e que de repente se eu visse algo de interessante, eu pediria que me levassem até o local.

Fiquei feliz ao encontrar a Martins Fontes. Logo pensei na maravilhosa obra de J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis, e assim, lembrei de um documentário que assisti na Globo News dizendo sobre os novos lançamentos desse grande escritor e assim, fiquei encantado por encontrar um grande tesouro! Obras que eu jamais imaginava encontrar e o desejo imenso de ter cada livro para mim. Sem essa possibilidade, o que me restou foi apenas uma foto que pedi que tirasse de meu celular, e assim, posso algum dia ter cada obra de um escritor que amo de paixão.

Horas depois de ser levado entre os estandes, a fome veio marcar sua presença e assim, pedi que me levasse à praça de alimentação. Os bombeiros que me conduziam, permitiram que eu escolhesse entre muitos quiosques alimentícios. Muitos eram de sanduíches e batatas fritas mas, o que eu realmente queria era comer comida, tipo arroz, carne, frango e alguma salada. Encontrei o mais próximo daquilo que eu estava desejando e assim, foram atrás de uma mesa para que eu e a enfermeira que me acompanhou pudéssemos comer tranquilos.

Disse a um dos bombeiros que eu estava esperando minha namorada e que ela estava na catraca tentando entrar. A cada cinco minutos eu ligava para saber onde ela estava e assim, deixei de escolher um prato no menu enquanto ela não estivesse presente. Assim, pedi ajuda a um dos bombeiros para que ele a encontrasse e a levasse até a mim. Cerca de uns 15 ou 20 minutos depois, o que para mim foi quase uma eternidade, ele retorna acompanhado por alguns heróis –entre elas estava o meu amor, a minha princesa.

 

Entre a timidez e querendo ser o mais discreto possível, nos momentos que eu tive ela por perto, lhe perguntei o que ela gostaria de comer, eu queria muito que aquele momento fosse somente entre nós dois mas, entre a ansiedade de estar no evento e seus amigos que estavam presentes, não deu muito certo, restando a ela escolher apenas uma simples latinha de Coca-Cola. Minutos depois, ela decidiu ir com seus amigos e estando longe, ela faz um doce gesto com as mãos, um lindo coração que para mim foi o seu jeito de dizer que me ama. Depois desse curto tempo, decidi escolher algo para comer.

Cerca de uma hora depois, com a barriga cheia, pedi que a gente voltasse a passear e assim fui em busca de novos tesouros. A tarde inteira foi assim, entre estandes e muita curiosidade, fiquei vislumbrado um mundo cheio de encanto. Enquanto eu estava sendo levado, vi ao longe a ponte Otávio Frias de Oliveira muito linda e banhada por um por do sol hipnotizante. Pedi a um dos bombeiros que filmasse com meu celular aquela bela imagem, um momento marcante quando eu, fora do hospital, tenho a oportunidade de ver. É engraçado que muitos, estando cada um em seu mundo, podem não perceber tal beleza. Vivem suas vidas em completa ausência, com suas preocupações que as perseguem onde quer que estejam e assim a chance de perder lindos detalhes é algo que o tempo leva para sempre embora, sem dar o seu adeus.

Poucas coisas, mesmo as mais simples delas, um pedaço de papel jogado na rua, que é abraçado pelo vento e juntos fazem uma coreografia sem sentido, para mim, é uma valsa sem ritmo, mas que se observarmos tudo que está envolvido naquela cena, acabamos por ver o quanto esse mundo é encantador. Essas simplicidades que por viver entre quatro paredes, dentro de um ambiente de enfermos e muito sofrer, vivo em busca de uma pequena fresa, seja ela que o sol possa entrar.

Depois desse momento mágico, voltamos para o interior da Bienal, ao som de multidões entre milhares de pessoas que, curiosas, olham para mim com seus pensares se estou passando mal, ou se estou apenas ali por passear. Mas, vou ser sincero, não estou apenas ali para passear, estou ali para sorrir, alegrar e sentir o calor humano. Poucos se aproximam na oportunidade de terem uma foto com minha presença. Já eu não perco tempo: peço para tirar fotos com pessoas fantasiadas de personagens queridos.

As horas passam e sem que eu esperasse, a bateria do meu ventilador começou a alarmar. Assim, fui levado às pressas para a enfermaria para trocá-la. Porém, era próximo de retornar ao hospital, sendo assim, ao invés de trocarem a bateria, resolveram manter o aparelho ligado direto na tomada. Em seguida, liguei para a empresa que aluga ambulância e chamei uma para me levarem de volta para o hospital.

Fiquei ali, acompanhado por um bombeiro que, vira e mexe, conversávamos sobre a feira, foi um momento muito legal até que cerca de uma hora depois, a ambulância chegou. Tanto o motorista e a enfermeira da empresa vieram com a maca da ambulância e solicitei o favor de aguardarem um pouco mais, pois a enfermeira que estava comigo foi comprar algo para eu comer pois a fome estava presente.

Sem que eu esperasse, uma moça, que faz parte da administração do evento, veio me ver. Seu nome é Cinthia, e, naquele momento, aconteceu algo muito emocionante! Ela veio se despedir de mim, e disse que toda a equipe da administração do evento queria tirar uma foto comigo. De repente, ela abre a porta e muitos se aproximaram de mim, com imenso amor. Uma frase que um deles me disse, eu jamais a esquecerei e foi algo que mexeu muito comigo pois, me considero tão pequeno, minúsculo, me vejo apenas como sendo um pequeno grão de areia mas, diante dessas doces palavras que esse rapaz me ofertou, me permitiu sentir um grande conforto em minha alma. Ele pega minha mão, a beija e diz : muito obrigado fazer o que eu faço valer a pena.

Assim, todos se despedem de mim, já aguardando minha presença em 2020, o ano que tenho a máxima certeza que será uma Bienal Internacional do Livro mais encantadora e com muito amor e carinho. Sim, estarei lá.

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Grandes Cicatrizes https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/07/27/grandes-cicatrizes/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/07/27/grandes-cicatrizes/#respond Fri, 27 Jul 2018 23:09:26 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1042 Bem, o texto anterior reflete um pouco sobre a poliomielite. Cada poliomielítico tem suas características. Seria como uma impressão digital em que cada um tem suas extremas dificuldades. Acredito até que existem casos que, por orgulho, enfrentam grandes obstáculos e não se permitem parecer fracos.

Vejo, por exemplo, amigas acometidas por essa doença que lutam até onde podem para conseguir ir onde desejam estar, muitas vezes até ajudando pessoas que quase nada tem de errado com seu físico. São pessoas que doam seu infinito amor àqueles que buscam por ajuda, por conforto, por melhores oportunidades.

Mas, como eu disse, cada caso tem o seu sofrer e, a cada dia que passa, a cada ano ou décadas, a pólio nos afunda cada vez mais. Sua ação de causar mais dano aos músculos de certa maneira se estaciona, mas a usabilidade dos músculos menos afetados, pelo abuso desses, acaba por cada vez mais prejudicá-los.

Eu por exemplo, de tanto apoiar meu braço esquerdo no direito, sendo que é com a mão esquerda que eu faço praticamente de tudo, acabo por oferecer mais dores ao meu pulso direito e assim, tenho que dar alguns minutos de descanso quando chega a ficar insuportável.

Poderia expor aqui cada detalhe de meu corpo, as sensações que tenho, os pontos de dores que incomodam e assim, poder mostrar com mais claridade e interesse como é ser um sobrevivente da pólio.

O mais difícil às vezes se torna a parte respiratória. É de extrema dificuldade puxar o ar sendo que sua traqueia encontra-se bloqueada por catarro e, por mais que eu tente tossir, não consigo manejar esse catarro que, para mim, parece que tem vida própria. Ainda mais nas noites em que, estando tranquilamente dormindo, os brônquios são fechados. Dá muita raiva isso.

Vejam bem, essa madrugada por exemplo, ouço a Eliana me acordar e pede que eu chame a enfermeira. Ligo meu celular e, quando estou ligando para o posto de enfermagem, pergunto o que ela precisa. Ela diz estar com dores nas pernas e eu sei muito bem o que é isso. Sendo assim, quando me atendem, eu logo informo que a Eliana está com dor na perna. Não demora muito e vem uma técnica de enfermagem em busca de oferecer um melhor conforto para a Eliana.

Agora, e quando tem momentos em que, um membro seu, com dor, por mais que você tente arrumar alguma posição de alivio, você não encontra? Sim, esses momentos existem e, para não ficar tomando Dipirona o tempo todo, eu, por ter melhores condições que a Eliana e, minha cama ser daquelas motorizadas que posso descer ou levantar a cabeceira quando quiser, se não estiver suportando mais a dor, procuro, por mais difícil que seja, uma posição de conforto.

Olha, algo que muitas vezes incomoda, por tanto tempo me manter na mesma posição, é a circulação sanguínea. Nesse exato momento estou sem dor, mas posso esperar cerca de 15 ou 30 minutos que meu fêmur direito começará a doer, seguido da falta de circulação. Assim, quando abaixo a cabeceira da cama, a pressão sanguínea volta e toda a perna fica formigando. Bastam apenas alguns minutos para que eu novamente erga a cabeceira e retorne aos meus afazeres, como escrever este texto, por exemplo.

Quando eu andava de cadeira motorizada, não era algo que me dava grandes prazeres e felicidade. Claro, era a oportunidade de poder passear, de estar um pouco fora do hospital, de assistir a um filme em uma sala de cinema, mas as dores me seguiam. Na cadeira, o que muito me doía era minha nádega direita, pois assim que eu sentasse, ficava em cima de um músculo que, em menos de 15 minutos, sem a circulação na perna, doía demais.

Eu usava uma bolsa d’água para tentar aliviar a pressão do meu peso sobre o meu bumbum, mas pouco aliviava. Muitas vezes, eu pedia para me pegarem por debaixo do meu joelho e assim, me puxar um pouco para frente, mas o resultado era muito pouco.

De uma tarde toda sentado, do início que me colocassem na cadeira e que estava de certa maneira confortável, até o momento de ir para a cama, eu estava quase que com a bunda toda fora do assento.

Sala de cinema era o lugar mais tranquilo que eu tinha, pois, quando era para assistir algum filme, pedia para quem estivesse me acompanhando para deitar o encosto da cadeira para que assim eu pudesse ficar um pouco deitado. Assim, sem o apoio das pernas e estas balançando no ar, quase na metade do filme vinham as dores nos joelhos. Eu sentia claramente os músculos por cima da patela serem esticados e assim, não tendo como puxar a perna para cima, pegava na perna da calça e tentava levantar um pouco a perna. Não tendo sucesso com minhas próprias forças, pedia para o amigo que estivesse comigo erguer um pouco minhas pernas pedindo também para que fosse o mais devagar possível, por mais que ele fosse sutil em seus movimentos para aliviar minhas pernas, vinha uma dor dilacerante. Com o tempo passava e dava certo alívio. O problema era que eu pedia que ele ficasse segurando um pouco. Ele perdia a melhor parte do filme.

Algo que jamais posso negar é que estou cercado de pessoas maravilhosas. Em meu tempo de andanças, todos que me ajudavam entendiam minha situação e dedicavam o seu melhor para eu poder estar ali em um mundo que tanto amo, o cinema.

Hoje, cerca de dez anos depois, tudo de certa maneira se foi. Não tenho mais a oportunidade de sair como eu saia, não tenho mais a oportunidade de assistir as estreias que eu tanto amava.
Quer dizer, tenho tudo isso. Basta ir atrás e resgatar tudo aquilo que deixei, mas me restam forças, me resta coragem, me resta a fé.

O que muito conquistei no passado não foi simples, não foi dado de graça e muito menos comprado. Foi por mim conquistado com muita persistência, muito grito, muita briga e muitos pedidos de desculpas.

Hoje, tentar reaver tudo isso me passa cenas de um filme triste. Mesmo regado de momentos alegres e divertidos mas, torno-me fraco quando no momento de tudo aquilo estar novamente ao meu alcance, vem de encontro a mim as doloridas dores causadas por quem me deixou grandes cicatrizes, a poliomielite.

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Poliomielite: meu bem, meu maior mal https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/07/25/poliomielite-meu-bem-meu-maior-mal/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/07/25/poliomielite-meu-bem-meu-maior-mal/#respond Wed, 25 Jul 2018 20:19:14 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1036 Bem, hoje escreverei algo um pouco diferente e além de ser algo que quase nunca tratei, apenas as marcas que ela me deixou. É algo que praticamente nasceu comigo. Vamos falar sobre a poliomielite. Interessante é que eu mesmo sei muito pouco sobre essa doença que me atingiu em cheio. Sim, mesmo eu com meus 50 anos de idade sei apenas o básico, a ponto de dizer que se trata de um vírus e que este tem seu objetivo de danificar os músculos do indivíduo que sobrevive, como eu.

Não tenho muitas lembranças. As poucas que tenho estão escritas em texto anteriores a este. Quem sabe um dia serão transformados em um obra literária para que vocês tenham a chance de me conhecer melhor. Vou expressar aqui o que vejo dessa doença. A mim, além de sua crueldade física, me deixou também sequelas emocionais. Nesse universo, a culpa talvez não seja apenas da polio, mas da prisão em que me deixou.

Existem tantas histórias que se passaram e hoje somente aceito uma. Não quero criticar as crenças e religiões que em minha adolescência e juventude vieram a mim como uma horda sedenta de sangue e me cercaram. Se me perguntarem hoje se tenho alguma religião respondo claramente que sou ecumênico. Muitos me questionam o que é isso. Jô Soares, que hoje deixa saudades de seu programa de entrevista, diz que ecumênicos são ateus enrustidos. Mas vou deixar uma verdade. Sim, eu creio em Cristo, realmente eu O respeito e tenho a certeza de que Ele, o filho de Deus e o Divino Espírito Santo existem e estão sempre presentes em nossas vidas, sendo apenas um.

Acreditem, amigos, eu mesmo vivo brigando com Deus, sim, muitas vezes. Como qualquer um que acredita que ao olhar para o alto está olhando para Deus, eu olho para o teto e o questiono. Porém, quando a calma vem em meu coração, vem aquele arrependimento de tê-lo olhado com furor e lhe peço perdão. Sim, tenho que respeitá-lo, pois para mim, sim, Ele é superior a tudo.

Muitas vezes, eu o interpreto como a natureza ou tudo o que nos cerca. Digo que tudo tem que ser da maneira que é. Porém, por sermos seres pensantes e falhos, temos a mania de querer criar as nossas próprias regras e, sem querer, grandes guerras.

Caramba, cheguei até aqui e quase nada foi escrito sobre a minha amada companheira que está sempre comigo. Suas lembranças são deveras doloridas. Nas tentativas de ir em busca de um pouco de liberdade, por mais que tentem me ofertar o conforto, a polio não gosta de se sentir rejeitada. Sempre, em algum ponto de meu corpo, dói.

Como eu poderia explicar com detalhes as inúmeras dificuldades que a paralisia infantil me traz? Tentem pelo básico. Vamos dizer que o homem, por milhares de séculos andando em solo pedregoso e as vezes macio na grama, passa por momentos difíceis quando caça. Com tecnologia de apenas pedras e poucas lanças de madeira como arma, esse ser caçador tem que estar atento a tudo o que lhe cerca. Sente algo no ar, pode ser que a caça esteja próxima. Qualquer ruído lhe permite o medo. Com sua coragem, ele observa ao longe um forte animal que também o considera seu alimento. Nessa disputa da cadeia alimentar, o caçador vence e leva comida para o seu próximo.

Eis que de repente a fraqueza lhe toma conta por algum motivo. Esse forte caçador não consegue ficar em pé. Algo o atingiu e esse minúsculo algo somente será descoberto milhares de anos depois. Seu corpo ardendo em febre o faz delirar. Sem saber o que fazer, seus companheiros curiosos quanto a situação cada vez mais vão se afastando daquele corpo inerte. Um novo líder toma o seu lugar e o abandonam por não ter mais valor. É esquecido. Não o alimentam. Todos os que um dia eram protegidos e alimentados por aquele caçador o abandonam dentro de uma caverna escura.

Seus ossos serão descobertos muitos e muitos anos depois. Talvez um dia realmente deva ter sido assim, mas, o que aqui escrevi, é apenas uma distante ideia de há quanto tempo a polio ou outras doenças permanecem entre nós.

Hoje acamado, não sinto tantas dores físicas como as que durante o tempo de minhas saídas me acompanhava de mãos dadas onde quer que eu estivesse.

Eu me rendi. O tempo me castigou. Pequenos obstáculos, pequenos do tamanho de um grão de areia, existiram, e de tão fraco que me considerei dei o meu basta.

Eram bons aqueles momentos distantes do hospital. Eu pude ver pessoas ao meu redor, sentir o calor do sol em minha pele e sentir que eu estava cercado de um imenso e lindo céu azul. Nas espessas nuvens, a sensação de um ar úmido indicava que a qualquer momento as gotas de uma gelada chuva iriam me abençoar.

Já não tenho mais esses privilégios. Tudo se foi de tanto as dores que me seguiam me obrigarem a ficar onde devo estar, em uma cama. A poliomielite me deixou em um corpo desforme, desconhecido até por alguns especialistas. Não dá para dizer ao certo se meus órgãos internos estão nos devidos lugares. Pode ser que meu fígado esteja fora de onde deveria estar. Meus pulmões, sofridos pelo tempo, tem cicatrizes permanentes e somente um deles tem sua boa funcionalidade.

Tentem fazer uma experiência. Quando estiverem deitados, finjam não conseguir mover seus membros superiores e inferiores. Olhem para suas mãos e tentem mover um dedo e de repente não conseguirem. Chega uma hora que o desespero lhe toma conta. Nessa hora, você se levanta rapidinho com medo de que seu cérebro lhe pregue uma peça.

Não estou escrevendo essas coisas para ser um torturador, jamais pensem isso, muito pelo contrário, quero alertá-los.

Hoje em dia, devido à tecnologia e à internet, que praticamente nos acompanha em qualquer lugar que a gente vá, milhares e milhares de informações circulam desenfreadas nas veias das redes mundiais de comunicação. Somos bombardeados por noticias 24 horas por dia e muitas dessas notícias merecem certo ceticismo. As chamadas “fake news” nos trazem matérias que geram grandes suspeitas e por estarem em uma rede sem controle acabam se espalhando para o mundo todo.

Recentemente, uma noticia sobre um surto de polio na Venezuela alertou as redes, juntamente com o fato de existirem famílias que não querem vacinar seus filhos, que teriam imunidade própria.

Isso foi rapidamente desmentido.

O fato é que, verdade ou não, é imprescindível o vacinar contra a poliomielite. Não devemos negar a principal lei que nos pertence, o direito à saúde e ao bem estar. No entanto, é de extrema importância que todas as crianças sejam vacinadas, não somente contra a polio, e sim contra muitas outras doenças.

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O Doce Amargo da Vida https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/07/20/o-doce-amargo-da-vida/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/07/20/o-doce-amargo-da-vida/#respond Fri, 20 Jul 2018 21:27:50 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1031 Bom dia meus queridos amigos. Peço desculpas aqui por fazer mais de uma semana que não dou as caras. A Copa da Rússia já deu o seu adeus e eu nem sequer comentei algo sobre o resultado.

Nesses dias, várias notícias deixaram o mundo em alerta, como aquela sobre os garotos que estavam presos em uma caverna na Tailândia. Eu fiquei aqui, perdido em minhas neuras, para não dizer que estava perdido em meu labirinto emocional.

Não passa em minha mente, em meus pensamentos, desistir. Não mesmo! Mas se for uma fatalidade, não sinto medo. Nem sei se isso que acabei de escrever expressa justamente o contrário, que seria um medo pavoroso de morrer.

Eu penso que tenho tantas coisas ainda a fazer, a realizar. Não cheguei nem na metade de tudo aquilo que almejo. E olha que já tenho meio século de vida.

Estou afundando e não tenho resposta para muitas das perguntas que me fazem. Apenas tenho que observar e tentar entender tudo que está ao meu redor.

Tenho me sentindo ferido, invadido, estuprado emocionalmente. Não sei se existe esse tipo de emoção e se muitos entenderão o que tenho passado. Tampouco sei se isso se assemelha a morte humana.

Eu tento olhar o mundo de tal forma, de modo a ver aqueles que realmente estão em seus desesperos, em suas agonias, para ter, de certa maneira, um frescor em minha alma. Porém, eu não sei o que fazer com o meu próprio lixo emocional. Com isso, o alívio que busco nos sofrimentos dos outros evapora-se como uma gota em meio a um sol escaldante.

Não sei por que reclamo tanto!

Hoje tenho algo pelo qual lutei tanto: minha linda e bela namorada. Quero muito levar tudo isso a sério, dedicar cada carinho meu, cada sentimento de amor, cada doce momento ao lado dela. Isso tem me trazido um sentimento de muito respeito a quem, ao meu lado, se mostra muito viva. Agradeço a ela por me permitir fazer parte de sua vida e estar em um lado especial de seu lindo coração.

Além desse lindo amor que hoje tenho comigo, mesmo diante de nossas imensas dificuldades, que nos impedem de estarmos juntos, de sairmos de mãos dadas, de trocar olhares e um delicioso sorriso, tenho grandes objetivos e acredito neles.

Nas noites aqui no meu quarto de hospital, enquanto compartilho momentos divertidos ao vivo, tenho feito fãs e amigos. Me atrevo a dizer que o mundo, por meio da internet, me assiste e oferece palavras de incentivo e muito amor.

A questão, no entanto, é que aqui onde vivo eu não sei o que se passa. Durante minha vida, conquistei o que muito tenho hoje, e criei o que sou. Qualquer um que vier até mim verá uma marca registrada dos anos em que vivo neste leito hospitalar. Assim como também podem acompanhar que estou sendo obrigado a me desfazer de tudo aquilo que conquistei.

É muito fácil para estes que mal terminaram suas faculdades declararem suas leis, diante de alguém que não escolheu viver no lugar em que está. Esquecem que estou aqui praticamente a minha vida inteira -a exceção é de pouco mais de um ano.

Tenho certeza que eles não permitiriam que seus filhos vivessem em um hospital. Acredito que jamais deixariam isso ocorrer com seus entes queridos. Mas, de onde vem a culpa de eu estar aqui até hoje? Para estes, isso não interessa. O que importa é que, depois de 50 anos, tenho que me despedir de tudo aquilo que hoje tenho. Isso para mim é muito dolorido, amargo e desumano.

Mas, dane-se né? Não importa o que realmente sinto. Por isso preciso rapidamente dar as costas a tudo o que conquistei e procurar alguém em que eu confie, e que possa cuidar desse meu tesouro.

Hoje eu acordei bem cedo e pelo WhatsApp desejei um bom dia a minha amada e ao meu irmão. Perguntei para ele se teria lugar para guardar minhas coisas. Meu irmão fez uma série de questionamento que amargamente tive que responder.

Por um lado, fiquei feliz por sua resposta ser positiva: ele tem um lugar para preservar as minhas coisas, mas não me senti bem com o final da conversa. Depois do banho, aos retomamos o assunto, eu já estava me sentindo um verdadeiro lixo de tantas verdades que ele me ofertou.

Não tenho justificativas. É muito fácil eu dizer que ninguém está na minha pele e tal, que duvido muito que realmente levariam essa vida em frente. Porém, é muito difícil. Já em algum momento, em minhas antigas escritas, expressei que me sinto preso em uma camisa de força.

Meus pensamentos são dispersos e confusos e eu sempre tento, em minha possibilidade, organizá-los.
Não quero que sintam o que sinto, pois é demais dolorido. É demais amargo, é demais triste.

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Mesmo nas perdas, existem vitórias https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/07/07/mesmo-nas-perdas-existem-vitorias/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/07/07/mesmo-nas-perdas-existem-vitorias/#respond Sun, 08 Jul 2018 00:59:13 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1023 Meus amigos queridos e amados, hoje está uma manhã morna. Digo, com um sol tímido, mas um frio que nos oferta a preguiça de somente querer estar debaixo das cobertas para dormir. Ou, na melhor das hipóteses, assistir a um jogo da Copa acompanhado de uma grande caneca de chocolate quente.

Antes, há cerca de 15 anos, eu fazia isso. Aliás, se eu não me engano, devo ter ainda uma grande xícara azul de porcelana. Foi presente de uma amiga que deu o ar de sua graça no ano passado, após anos que a gente não se via.

Amiga de família judaica, que, além de sua companhia, me agraciava com doces das datas sagradas da comunidade. Passávamos as tardes em meios a minhas perguntas curiosas pela cultura e me lambuzando com doces encharcados de mel. Uma verdadeira delícia.

Mas essas gotas do passado estão bem distantes. Ainda sim, ela sempre será para mim uma linda estrela que permanece brilhando em meu céu.

Existem tantos outros amigos que, em meio ao tempo, deixam suas marcas de saudades. E, por motivos pessoais ou seja lá qual for, jamais retornam ao nosso lado. Sim, deram adeus mas marcaram sua presença. E no exato momento em que escrevo este texto lembro de suas faces e maneira de ser.

O que é viver em um lugar que fisicamente você não tem condições de dar um passo sequer? Preso em seu estado carnal, seu corpo declara guerra aos obstáculos a sua frente e assim nasce a revolta.

A descoberta de sentimentos amargos foram tantas em minha juventude. Mas hoje as vejo apenas como meros detalhes. Claro que naquele momento, eu perdido em tudo que desejava fazer e conquistar, não tinha muito discernimento. Tudo precisava ser da maneira que eu queria e, se não fosse, eu despejava blasfêmias. De certa maneira, a fúria aliviava.

Mas, quando surgiam esses momentos, depois vinha o arrependimento. E, além do perdão que eu pedia a Deus, eu me tornava um verdadeiro cordeiro aceitando tudo e todos.

Confesso, é como estou nesse momento. Um cordeiro, apenas observando, atento ao que a mim vier. Não que eu seja obrigado a aceitar tudo, mas tenho a sensação que é melhor assim. Porque, se eu desejar algo como eu gostaria que fosse, os olhares de mal agouro me cercam. Então tenho que admitir que é melhor o silêncio.

Peço desculpas se sem querer fiz algo que causasse desconforto. Não é minha intenção provocar mal estar nas pessoas que estão aqui para me ofertar o melhor, para cuidar de mim, para me dar conforto e saúde.

Bem, chega de lamúrias e vamos ao que recentemente aconteceu. Não digo que é uma perda. Aliás, tenho certa razão em afirmar que mais vencemos do que perdemos.

Acabei de ver na TV o grande herói que se despede desse lindo evento chamado Copa. Sim, como são gostosos esses momentos de duelos dentro de uma arena, que hoje chamamos de futebol.

Mas, voltando a esse grande herói que, de olhar triste, de cabeça baixa e quase não se permitindo os olhares daqueles que realmente o amam. Sai do apartamento que fora alojado durante essa festa e vai em direção ao ônibus que o aguarda para o destino do adeus.

Apesar de eu mesmo nunca ter participado de um evento assim, tenho uma certa sensação de como realmente deve ser estes momentos de despedida. O sentimento de frustração, ou mesmo de querer estar mais um pouquinho envolvido em sua maior paixão: o maravilhoso futebol. Fica aquela situação de dever não cumprido.

Vendo a triste situação desse grande herói que se despede do maior país do mundo veio em minha mente uma reflexão.

Claro que é muito fácil falar o que quiser não estando na pele do outro, mas acredito que se sua reação fosse diferente da qual foi, de se isolar, se fechar em sua concha da tristeza e solidão, poderia ser que o mundo ficasse impressionado. E, assim, sua respeitabilidade seria maior e cheia de honrarias.

Eu agiria diferente. Mesmo na dor da perda, eu permitiria um doce sorriso em minha face, acenaria para todos, e, diante de muitos, eu daria poucas palavras. Agradeceria o imenso amor a mim ofertado, pediria perdão se em algum momento agi de maneira impensada e diria que fiz o meu melhor.

A vitória mesmo assim nos pertence. Pois só de poder estar presente em um evento que une as principais nações do mundo já é uma imensa conquista.

Muito obrigado à seleção brasileira por me fazer imensamente feliz e acreditar que ainda somos fortes.

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Brincar de futebol em um hospital https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/brincadeira-de-futebol-em-um-hospital/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/brincadeira-de-futebol-em-um-hospital/#respond Thu, 28 Jun 2018 21:41:54 +0000 https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/1e4af837f3ed45e23aa5038a27431288554c48f5676252cb78be17ba1883a1ca_5af5d45871b33_preview-320x213.jpg http://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1007 Acredito que chegamos já na metade da temporada de uma das competições do esporte mais amada do mundo. Esses momentos esportivos são gostosos, mesmo que eu só tenha a oportunidade de assisti-los pela TV.

Em textos atrás, expressei meu pouco entusiasmo pela Copa de 2018 na Russia. Como não consegui assistir a cerimônia de abertura, achei que seria meio sem graça me envolver depois. Agora, deixando a frescura de lado, resolvi curtir esse momento mais do que encantador.

Tenho até uma certa fé de que conquistaremos o hexa, e assim poder esbanjar ao mundo que somos imbatíveis no quesito futebol e que ele faz parte de nossa alma brasileira.

Eu nunca encostei numa bola com meus pés por serem inertes devido a poliomielite, que quase me atingiu por completo. Lembro que quando eu era um garoto, mirrado e que andava na cadeira de rodas, às vezes via outras crianças jogando no corredor com uma bola antiga. Resolvi fazer uma pesquisa sobre a mesma e acabei me deparando com com ela: uma bola bem diferente das profissionais, mas muito disputada entre pequenos passos, até para não bater em portas ou quebrar algum vidro.

Mesmo eu não tendo condições de poder brincar, me disseram que eu poderia dar cabeçadas na bola quando a jogavam para mim. Aquilo era muito divertido e, como a bola era macia, eu pedia que jogassem com certa força. Como o teto do corredor era alto, quando lançavam a bola na minha direção, eu impulsionava o corpo todo para a frente e dava uma cabeçada forte para que a bola fosse longe. Isso despertava interesse em todos que estavam em minha volta e me colocava no lugar do goleiro durante as brincadeiras.

Eu gostava daquela brincadeira, mas nem sempre permitiam que eu e outras crianças brincássemos de futebol, já que ali era uma área de idas e vindas das auxiliares de enfermagem, médicos, enfermeiras e pacientes. Não era um estádio, era um hospital.

As vezes nossa vontade de brincar de futebol era tanta que, ao invés de jogarmos no corredor, decidíamos ir para o terraço. Porém, havia um agravante: quando lançavam a bola para mim, eu tentava ser cauteloso e certeiro nas cabeçadas para não rebater com muita força, mas nem sempre conseguia. A diversão era tanta que em certos momentos eu a lançava longe e, sem que o outro garoto pudesse pegar, a bola caia para fora do terraço, no sexto andar.

Quando isso acontecia tínhamos que pedir à tia que buscasse a bola para a gente, mas após uns 15 ou 30 minutos sempre aparecia um senhor perguntando de quem era a bola que caiu lá em baixo. Isso rendia para nós uma bronca da enfermeira, que não deixava que a gente jogasse mais.

Obrigados a abandonar a bola, a gente buscava outro meio de diversão, como carrinhos. No meu caso que não tinha como ficar no chão, eu ficava perambulando com minha cadeira de rodas pelo corredor do andar. Entrava em algum quarto, procurava um coleguinha para conversar, ou apenas me atentava à luz do sol, que em certos momentos vinha pela janela, atravessava o quarto e refletia na parede do corredor. Aquilo me fascinava!

O pouco que me envolvi com uma bola de futebol foi uma experiência tão gratificante. A cada lance com minha cabeça eu tinha vontade de ver o quão mais longe eu conseguiria arremessá-la.

Uma vez, acredito que em algum texto passado, eu tenha escrito sobre um amigo que por pouco tempo ficou com a gente. No entanto, foi um tempo suficiente para que formasse um grande envolvimento, como irmãos.

Domingos também nos acompanhava nessas brincadeiras. Quando chegou um novo garoto que era mais calado, que quase não conversava, as auxiliares de enfermagem pediram que Domingos brincasse com ele.

Ele então pegou a bola e jogou para esse garoto e o mesmo lhe devolveu. Umas três ou quatros vezes Domingos brincava com essa criança, até que chegou a mim e disse para eu tomar cuidado com ele. Eu questionei o porquê, mas invés de responder, meu amigo simplesmente jogou a bola em minha cabeça com toda sua força. A bola me atingiu de uma maneira ruim e, por um milagre, não quebrou meu nariz. A forte dor que senti quase me levou ao choro. Apesar disso, foi a bola mais longe que consegui arremessar.

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Paul McCartney e um irmão que se foi https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/06/27/paul-mccartney-e-um-irmao-que-se-foi/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/06/27/paul-mccartney-e-um-irmao-que-se-foi/#respond Wed, 27 Jun 2018 17:00:08 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1004 Bom dia, meus amigos! Todos os dias, cerca de meia hora depois que acordo, deixo meu computador tocando a rádio Antena 1. Sim, na minha opinião, a melhor rádio que existe. Agora está tocando Paul McCartney. Assim que a música começou, eu disse para a Eliana que o Paul McCartney me faz lembrar do Pedrinho. Ela me respondeu com o mesmo tom. E acrescentou que era o cantor preferido desse nosso irmão, que hoje mora com o Pai, na eternidade.

Já faz mais de 20 anos que o Pedrinho partiu, por conta de complicações de saúde. Seus últimos dias foram momentos que, até hoje, se fazem presentes na memória.

Era um rapaz forte, apesar da grande fragilidade física e emocional. Foi um grande irmão e companheiro, tanto em momentos de dificuldade quanto alegria.

Penso que o momento que vivemos hoje seria difícil demais para ele. Ele não suportaria a falta de respeito em evidência e a humanidade em decadência.

Mas o que quero deixar por aqui são as coisas boas que havia em nossa época. Éramos muito próximos. Todos os dias, passávamos horas jogando videogame, os momentos de maior alegria. Não dávamos muita corda para o marasmo. Sempre que estávamos perto um do outro, pensávamos apenas em enfrentar vilões e zerar jogos.

Não me lembro de um jogo sequer que tenhamos vencido até o final. Super Mario World, do Super Nintendo, foi talvez o que mais nos envolveu. Mas não tenho certeza. Sei que o único jogo em que ele alcançou uma pontuação de mais de um milhão foi o River Raid, do Atari.

Ele era fanático por futebol e sempre ficava chateado quando eu não deixava ele ver os jogos do seu time do coração, o São Paulo. Eu não era e continuo não sendo um grande apaixonado por futebol. Nem mesmo hoje, com a Copa na Rússia. Porém, tínhamos uma paixão única por um outro esporte que, para mim, era muito mais emocionante. Eu e o Pedro torcíamos para Ayrton Senna nas temporadas de Fórmula 1. E sempre ficávamos frustrados quando nosso campeão não ganhava.

Pedrinho vivia seus momentos introspectivamente. Não se sentia confortável com um amigo sequer para desabafar o que lhe incomodasse. Mesmo eu, que era a pessoa mais próxima dele. Às vezes é que ele encontrava um amigo em quem confiava bastante. Ele pedia para a enfermagem ligar para essa pessoa. Lembro-me dessa pessoa, em uma noite, lá pelas 22h, que veio para o conforto do Pedro enquanto eu estava vendo um filme na Globo.

Mas uma das coisas que mais marcaram nossos momentos foi quando Pedro disse gostar muito do Paul McCartney. Uma vez, em seu aniversário, ele pediu um vinil duplo para um médico que trabalhava aqui. Assim, em nossa vitrola cor de laranja, passávamos dias ouvindo as belas canções do Beatles. A canção que mais me marcou foi “We All Stand Together”, do álbum “All The Best”, de 1987.

Saudades do meu querido amigo e grande irmão Pedro.

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Pensamentos sobre a vida https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/06/26/pensamentos-sobre-a-vida/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/06/26/pensamentos-sobre-a-vida/#respond Tue, 26 Jun 2018 23:31:15 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1002 Bom dia, meus queridos e amados amigos! Como vocês estão? Espero que estejam bem, mesmo com essa fria segunda-feira de final de outono, que tanto nos dá preguiça de acordar de um sono gostoso e enfrentar o dia.

Vou ser sincero: odeio que me acordem. Dá aquela raiva, sim, fico furioso. Por isso, deixo meu relógio de pulso programado todos os dias para despertar às 7h15. Vocês devem estar me achando um completo maluco. Mas é que, durante a madrugada, quando as 6h se aproximam, toco na tela do relógio e ouço o Mickey dizendo “six o’clock”. Quando vai dando 7h, toco novamente na tela e acabo me despertando bem antes do horário programado. Sim, todos os dias acordo antes das 7h15. Geralmente por volta das 6h30. Às vezes até antes quando a amada insônia deseja algo a ponto de me incomodar.

Já estou, de certa forma, acostumado com isso. Não tenho o costume de tomar remédios para dormir porque compreendi que as noites são realmente curtas. Devemos aproveitar o que a vida nos oferta ao máximo, em cada segundo.

O problema é que posso até estar bem hoje. Mas, quando tenho noites mal dormidas, chega aquela hora em que o cansaço domina. Mais ou menos nesse instante, enquanto escrevo esse texto. Agora são exatas 10h12. Como eu disse, uma manhã morna onde o Sol timidamente surge entre as suaves nuvens que o cobrem. Aqui dentro do quarto não chega a estar frio como eu gostaria que estivesse. Eliana, sim, sente muito frio. Enquanto eu aqui digito estas poucas palavras, ela está lá, cheia de cobertas e edredons, lendo algum bom livro.

Francamente, faz tempo que não leio como gostaria. Como vocês têm observado em meus textos anteriores, atravesso uma grande tempestade, que demora a passar. Claro que essas coisas dependem de mim e tenho que ter força sobre-humana para tentar revertê-las. Não é nada fácil. Há momentos em que penso em me entregar. Parar de alimentar uma rebeldia insana que, se deixasse tomar conta de minha vida, já não mais estaria aqui.

Durante o café da manhã (pasmem! Dois pedaços de pizza de ontem à noite e uma xícara de café com leite), fiquei refletindo sobre o sonho que a Eliana vem tendo. Seu desejo de um dia ir embora e eu permanecer aqui. Não que isso seja ruim, jamais! Não estou aqui para impedi-la de conquistar tudo que almeja. Aliás, quando chegar o momento dessa despedida, eu lhe agradecerei por todos estes anos ao meu lado. Direi estar muito agradecido por cuidar de mim, por suportar a minha pessoa e entender minha maneira de ser.

Mas este texto não é exatamente uma despedida. Nada disso! São apenas reflexões enquanto saboreio uma deliciosa pizza. É mais que certo que mente vazia é oficina do capiroto. Mas, acredito que nem tudo venha do tinhoso. O que eu realmente quero é compartilhar pensamentos que hoje fervem em minha mente. Vários não são bons. Outros são apenas umas poucas ideias malucas, hipóteses sobre a vida. Mas o que pode me oferecer pensar na vida? Eu apenas luto diariamente comigo mesmo diante das responsabilidades que tenho que assumir. Meu Deus! Como é duro isso! Como é complicado ter que parar de pensar e aceitar as coisas mais simples da vida.

Só que, infelizmente, não funciono assim. Não sei se somos determinados desde o nascimento. Se, assim que choramos pela primeira vez, tudo começa. Novamente, escrever aqui que tudo é complicado revela claramente o labirinto que enfrento no meu caminhar. Uma grande parede. Mas dou meia-volta, tento buscar novos caminhos.

Acho muito legal dizer que, durante a vida, estamos, sim, dentro de um imenso labirinto. Só não é infinito porque existe a morte. E, quando ela está próxima, mesmo em tenra idade, a vitória é mais que certa. Existem casos estranhos, não amigos? Vejam, mal uma criança nasce, ela já dá o seu adeus, ou mesmo nem precisa nascer e se despede, sem nos permitir senti-la em nosso colo. Nesse caso, penso que somos nós quem tem algo a aprender.

É extremamente doloroso quando uma mãe perde seu tão amado filho. Deve enxergar algo que poucos vêem. O que seria, não faço ideia. Mas o que fica evidente, o que muitos concluem naquele momento, é a injustiça da vida. Ou que Deus impôs seu castigo. E assim muitos outros sentimentos ruins afloram naquele pequeno segundo, que tem ares de eternidade.

Mas, sendo o tempo relativo, eu vejo que um dia é pouco para tudo aquilo que eu realmente gostaria de fazer.  Ou então, quando você está em um lugar encantador, cheio de amor e alegria, tudo passa como se fosse um átimo.

Realmente, a vida nos surpreende e, muitas vezes, estes testes de força e paciência exigem mais do que somos capazes de suportar. Não está nada fácil, meus amigos. Mas, quem disse que seria o contrário? São justamente as dificuldades que nos fazem querer enfrentar os obstáculos que surgem diante de nós. Sim, como deve ser fascinante para um aventureiro estar diante de uma enorme montanha que impede seu caminhar. Olhar para o alto para calcular o tempo de escalada. Sua condição física é produto de uma matemática que surge de imediato. Mas vejamos se este aventureiro fosse você, ou mesmo eu. Se essa montanha estivesse diante de nós, com contornos distintos daqueles que imaginamos. Calcular essa tarefa não é nada fácil. Exige muito raciocínio para que não abandonemos a escalada, para que não escorreguemos ao tocar o topo.

Incrível a vida não? Ela nos prega cada peça. E ainda assim seguimos em frente. Temos sempre, ao nosso lado, um guia, ou uma bússola. Pode ser qualquer amigo, ou mesmo nossa família. Eles estão ao nosso redor para nos ofertar sua visão daquilo que viveram. Suas experiências e as provas pelas quais passaram. Não estão presentes para impedir nosso caminhar. Apenas para nos alertar. Nossos guias têm suas feridas, mas não mais que os cristais mais lindos jamais imaginamos encontrar. Durante suas vidas, foram sendo lapidados. Cada lasca arrancada foi uma dor. Hoje, devemos no mínimo escutá-los, para que nossa caminhada não seja solitária.

Quanto ao jogo de ontem, apesar do empate, nossa seleção merecia vitória. Só o fato de estarem presentes em uma copa do mundo já é uma grande taça que carregamos em nossos corações. Gostei muito do jogo, me fez lembrar das copas passadas. Senti saudades dos médicos que estiveram ao meu lado, presentes, fazendo companhia.

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Pensamentos sobre a Copa da Rússia https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/pensamentos-sobre-a-copa-da-russia/ https://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/pensamentos-sobre-a-copa-da-russia/#respond Mon, 25 Jun 2018 21:24:05 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://variosprismasinfinitoslados.blogfolha.uol.com.br/?p=1000 Eduardo Knapp/Folhapress
Philippe Coutinho comemora gol contra a Suíça, na estreia do Brasil na Copa

Meus amigos, como realmente é difícil ter que escrever algo bom, que não deixe marcas de tristeza, mesmo que você não esteja bem com nada. Não quero me dar ao luxo de me vitimizar. Mas não sou de ferro a ponto de ter que aceitar tudo, como uma ovelha pronta para o abate.

Não há como alguém enxergar ou entender o que se passa e como eu vejo as coisas. Claro que cada um tem seus gostos e desejos, e todos, de uma certa maneira, fazem de tudo para estar o mais tranquilo e confortável possível. Mas no meu caso, que dependo dos outros, isso é quase como pedir um milhão de reais.

Tem gente que nada lhe fiz, mas está de cara virada comigo, justamente por eu estourar com o seu colega de trabalho. Uma pessoa muito justa com seu próximo, mas que não está na minha pele e não vê as coisas como eu vejo. Então, que sejamos justos com todos, não apenas com um.

Então, como contar uma história? Já escrevi tanto de mim, das gotas do passado que vivi, das lágrimas que com alegria ou mágoas chorei, ou mesmo da agonia de um momento em que quase parti, em minha adolescência.

Gostaria muito que minhas memórias estivessem frescas, para assim com grandes detalhes eu poder compartilhar cada segundo de tudo aquilo que vivi. E assim, essa árvore que plantei pudesse diante de muitos mostrar sua verdadeira beleza, em seus ramos e flores.

Bem, vamos parar de reclamar e tentar escrever algo pelo que passo no momento. Digo “momento” nesse exato instante, em que me vejo pensando nas coisas que devo fazer, nas responsabilidades que tenho que assumir e assim, buscar um meio de tudo fazer sentido em minha vida. Hoje, quando escrevo este texto, para mim é um domingo qualquer. Para muitos é o grande dia da estreia da Seleção Brasileira na Copa da Rússia.

A única coisa que lembro quando o país era a antiga União Soviética, é a Olimpíada de 1980, inclusive da cerimônia de encerramento, onde um imenso painel nada eletrônico mostrava com perfeita sincronia pessoas com sinalizadores coloridos, ou sei lá o que poderia ser, um pedaço de papel, cartolina, algo assim. Visto de longe, formavam a cena do ursinho Misha chorando na despedida de um grande evento que marcou o mundo. Uma lágrima que descia perfeitamente nos dando o seu adeus, em um semblante triste, de muita saudades.

Na quarta-feira passada (13), tendo a informação errada de que a cerimônia de abertura da Copa de 2018 na Rússia seria transmitida, liguei a TV e vasculhei os canais de esporte em busca do horário em que nos seria mostrado mais um grande show. Para mim seria assim mas, sem sucesso, aproveitando que dois rapazes vieram dedetizar o banheiro, eu e a Eliana questionamos se eles teriam alguma informação sobre a cerimônia de abertura da Copa. Ambos responderam que seria no dia seguinte, às 15h. Assim, agradecemos o que nos foi informado e eles foram embora, cumprindo suas tarefas de expulsar insetos indesejáveis.

No dia seguinte, depois do almoço, liguei a TV na expectativa de ver algo que não imaginávamos o que seria. Claro, hoje tudo moderno, não teria razão para ter um imenso painel artesanal para nos maravilhar com a incrível capacidade de criar imagens para o mundo ver. Os soviéticos na época deveriam ser extremamente exigentes para que tudo desse certo. Nem sei quantas pessoas foram envolvidas naquele painel para que nos mostrassem tanta beleza. Mas nem tudo é 100% perfeito, pois alguns pontos tiveram suas cores erradas mas, coisa pequena, imperceptível.

Então, nos canais de esporte que diziam transmitir os jogos da Copa, fui atrás do horário de transmissão da cerimônia de abertura e, sem sucesso, resolvi buscar informações no pai Google. A desagradável notícia é que a cerimônia já havia terminado há horas, com uma duração ínfima de apenas 30 minutos e com o ator e cantor britânico Robbie Williams esbanjando charme e respeito, mandando praticamente o mundo inteiro tomar em seus devidos orifícios enrugados. Que gentileza, não? Poxa cara, você tem o privilégio de ser convidado para mostrar ao mundo algo realmente bom, pois estamos em um momento meio turbulento e você faz questão de nos afundar mais ainda? Quer dizer, se afundar, pois não sei se seu gesto foi de agrado até para o seu empresário, ou ele mesmo deve ter lhe proposto, para causar? Complicado isso, pois, se eu fosse o Putin, o mandaria embora do país de forma mais respeitosa possível e diria o seguinte: “quer mandar o dedinho para o mundo? Ótimo, mas faça isso em seu show, ok?”

Mas, voltando a falar da cerimônia da Copa de 2018, não chegamos a ver nem a reprise. Nem pesquisei como foi e tal, apenas soube que grandes celebridades do mundo do futebol participaram. Porém, para deixar bem claro o ânimo que essa Copa tem me dado, sendo hoje a grande estreia de nossa seleção, nem sequer liguei a televisão. Era costume nesses dias especiais a TV já estar ligada há horas e com o som alto, para encher o ambiente de ansiedade e emoção.

Pois é amigos, mais uma vitória teremos. E que essa chance venha com muita paixão e amor a esse esporte. Mesmo em meio a um lugar de enfermos e dores, aqui no hospital, torço para a nossa nação com muito amor. Enquanto eu viver, será para a Seleção Brasileira que ofertarei meu imenso amor.

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