Uma grande emoção na Bienal Internacional do Livro em SP
Há dias que me encontro bem, como hoje por exemplo. Sendo assim, quero poder compartilhar de um momento maravilhoso que tive no final de semana passado. Dois anos atrás, tive a grande oportunidade de ir na minha primeira Bienal Internacional do Livro. Fiquei imensamente encantado por estar em um evento cheio de maravilhas. Livros e mais livros dos quais eu não tinha ideia por onde olhar. Meu desejo era único, levar todos para mim.
Em junho, fiquei super feliz ao receber da organização do evento, um convite por e-mail para eu participar dessa nova edição da Bienal e assim, sábado passado chegou o grande dia. Sair um pouco do hospital é realmente como um conto de fadas. Sim, viver praticamente 50 anos em um leito hospitalar oferta um certo marasmo, mesmo tendo aqui comigo, computador, videogames, TV por assinatura e muito mais.
Você quer sair, quer viver a vida e só o fato de estar saindo do instituto e, de repente, devido ao inverno que estamos, sentir um vento gelado nos braços e pelo dia estar lindo –com um puro céu azul –, o calor do sol quase imperceptível faz-me claramente pensar na ciência e na astronomia que respondem a essa questão do vento estar mais frio do que o sol. Claro, estamos no inverno e a órbita que o nosso lindo e encantador planeta Terra faz em torno dele não se encontra exatamente no meio de nosso caminhar, assim, estamos mais distantes do sol.
Mas, vamos voltar ao que realmente interessa nesse momento em que eu estava sendo levado para dentro de uma ambulância. Pouco tempo depois de as portas do veículo se fecharem, começamos a andar. Depois de uma certa distância do hospital, peço gentilmente que o motorista acelere ligando a sirene para assim, chegar o mais rápido possível ao local do evento. Em meio a estrada, eu ficava na ansiedade do que eu encontraria, as grandes livrarias e as editoras, os livros de fantasia e ficção que tanto amo, sem deixar de dizer os mangás que tanto me delicio. Não demorou muito e, menos de uma hora, chegamos no destino.
No local, me levaram até a enfermaria. Assim, me transferiram para outra maca, pois a que eu estava era da ambulância, sendo assim, eu não poderia ficar com ela, pois eu inutilizaria a ambulância. Estando agora em outra maca, eu estava livre para ser levado aos lugares que tanto queria. Foram disponibilizados dois bombeiros para empurrar a maca nos estandes que eu quisesse ir. Assim, quando eu já estava confortado, pronto para caminhar, começa minha grande aventura.
De inicio, um dos bombeiros diz que é só falar para onde quero ir que eles me levarão. Já dentro do evento, com tantas ideias na mente, fiquei por um breve momento sem saber o que decidir, assim, o bombeiro pergunta o que quero ver primeiro. Pedi que me levassem para a Planeta De Agostini, então, ele pegou o mapa do evento, procurou pela editora e disse não encontrar. Pedi então que me levasse para a Darkside e infelizmente essa também não estava presente. Pensando em outra, perguntei se a Saraiva estava no evento, o que fiquei surpreso ao saber que não. Fnac e Cultura também não compareceram nessa edição da Bienal. Sem muita opção, disse então para irmos passeando e que de repente se eu visse algo de interessante, eu pediria que me levassem até o local.
Fiquei feliz ao encontrar a Martins Fontes. Logo pensei na maravilhosa obra de J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis, e assim, lembrei de um documentário que assisti na Globo News dizendo sobre os novos lançamentos desse grande escritor e assim, fiquei encantado por encontrar um grande tesouro! Obras que eu jamais imaginava encontrar e o desejo imenso de ter cada livro para mim. Sem essa possibilidade, o que me restou foi apenas uma foto que pedi que tirasse de meu celular, e assim, posso algum dia ter cada obra de um escritor que amo de paixão.
Horas depois de ser levado entre os estandes, a fome veio marcar sua presença e assim, pedi que me levasse à praça de alimentação. Os bombeiros que me conduziam, permitiram que eu escolhesse entre muitos quiosques alimentícios. Muitos eram de sanduíches e batatas fritas mas, o que eu realmente queria era comer comida, tipo arroz, carne, frango e alguma salada. Encontrei o mais próximo daquilo que eu estava desejando e assim, foram atrás de uma mesa para que eu e a enfermeira que me acompanhou pudéssemos comer tranquilos.
Disse a um dos bombeiros que eu estava esperando minha namorada e que ela estava na catraca tentando entrar. A cada cinco minutos eu ligava para saber onde ela estava e assim, deixei de escolher um prato no menu enquanto ela não estivesse presente. Assim, pedi ajuda a um dos bombeiros para que ele a encontrasse e a levasse até a mim. Cerca de uns 15 ou 20 minutos depois, o que para mim foi quase uma eternidade, ele retorna acompanhado por alguns heróis –entre elas estava o meu amor, a minha princesa.
Entre a timidez e querendo ser o mais discreto possível, nos momentos que eu tive ela por perto, lhe perguntei o que ela gostaria de comer, eu queria muito que aquele momento fosse somente entre nós dois mas, entre a ansiedade de estar no evento e seus amigos que estavam presentes, não deu muito certo, restando a ela escolher apenas uma simples latinha de Coca-Cola. Minutos depois, ela decidiu ir com seus amigos e estando longe, ela faz um doce gesto com as mãos, um lindo coração que para mim foi o seu jeito de dizer que me ama. Depois desse curto tempo, decidi escolher algo para comer.
Cerca de uma hora depois, com a barriga cheia, pedi que a gente voltasse a passear e assim fui em busca de novos tesouros. A tarde inteira foi assim, entre estandes e muita curiosidade, fiquei vislumbrado um mundo cheio de encanto. Enquanto eu estava sendo levado, vi ao longe a ponte Otávio Frias de Oliveira muito linda e banhada por um por do sol hipnotizante. Pedi a um dos bombeiros que filmasse com meu celular aquela bela imagem, um momento marcante quando eu, fora do hospital, tenho a oportunidade de ver. É engraçado que muitos, estando cada um em seu mundo, podem não perceber tal beleza. Vivem suas vidas em completa ausência, com suas preocupações que as perseguem onde quer que estejam e assim a chance de perder lindos detalhes é algo que o tempo leva para sempre embora, sem dar o seu adeus.
Poucas coisas, mesmo as mais simples delas, um pedaço de papel jogado na rua, que é abraçado pelo vento e juntos fazem uma coreografia sem sentido, para mim, é uma valsa sem ritmo, mas que se observarmos tudo que está envolvido naquela cena, acabamos por ver o quanto esse mundo é encantador. Essas simplicidades que por viver entre quatro paredes, dentro de um ambiente de enfermos e muito sofrer, vivo em busca de uma pequena fresa, seja ela que o sol possa entrar.
Depois desse momento mágico, voltamos para o interior da Bienal, ao som de multidões entre milhares de pessoas que, curiosas, olham para mim com seus pensares se estou passando mal, ou se estou apenas ali por passear. Mas, vou ser sincero, não estou apenas ali para passear, estou ali para sorrir, alegrar e sentir o calor humano. Poucos se aproximam na oportunidade de terem uma foto com minha presença. Já eu não perco tempo: peço para tirar fotos com pessoas fantasiadas de personagens queridos.
As horas passam e sem que eu esperasse, a bateria do meu ventilador começou a alarmar. Assim, fui levado às pressas para a enfermaria para trocá-la. Porém, era próximo de retornar ao hospital, sendo assim, ao invés de trocarem a bateria, resolveram manter o aparelho ligado direto na tomada. Em seguida, liguei para a empresa que aluga ambulância e chamei uma para me levarem de volta para o hospital.
Fiquei ali, acompanhado por um bombeiro que, vira e mexe, conversávamos sobre a feira, foi um momento muito legal até que cerca de uma hora depois, a ambulância chegou. Tanto o motorista e a enfermeira da empresa vieram com a maca da ambulância e solicitei o favor de aguardarem um pouco mais, pois a enfermeira que estava comigo foi comprar algo para eu comer pois a fome estava presente.
Sem que eu esperasse, uma moça, que faz parte da administração do evento, veio me ver. Seu nome é Cinthia, e, naquele momento, aconteceu algo muito emocionante! Ela veio se despedir de mim, e disse que toda a equipe da administração do evento queria tirar uma foto comigo. De repente, ela abre a porta e muitos se aproximaram de mim, com imenso amor. Uma frase que um deles me disse, eu jamais a esquecerei e foi algo que mexeu muito comigo pois, me considero tão pequeno, minúsculo, me vejo apenas como sendo um pequeno grão de areia mas, diante dessas doces palavras que esse rapaz me ofertou, me permitiu sentir um grande conforto em minha alma. Ele pega minha mão, a beija e diz : muito obrigado fazer o que eu faço valer a pena.
Assim, todos se despedem de mim, já aguardando minha presença em 2020, o ano que tenho a máxima certeza que será uma Bienal Internacional do Livro mais encantadora e com muito amor e carinho. Sim, estarei lá.