Paul McCartney e um irmão que se foi

paulohenrique

Bom dia, meus amigos! Todos os dias, cerca de meia hora depois que acordo, deixo meu computador tocando a rádio Antena 1. Sim, na minha opinião, a melhor rádio que existe. Agora está tocando Paul McCartney. Assim que a música começou, eu disse para a Eliana que o Paul McCartney me faz lembrar do Pedrinho. Ela me respondeu com o mesmo tom. E acrescentou que era o cantor preferido desse nosso irmão, que hoje mora com o Pai, na eternidade.

Já faz mais de 20 anos que o Pedrinho partiu, por conta de complicações de saúde. Seus últimos dias foram momentos que, até hoje, se fazem presentes na memória.

Era um rapaz forte, apesar da grande fragilidade física e emocional. Foi um grande irmão e companheiro, tanto em momentos de dificuldade quanto alegria.

Penso que o momento que vivemos hoje seria difícil demais para ele. Ele não suportaria a falta de respeito em evidência e a humanidade em decadência.

Mas o que quero deixar por aqui são as coisas boas que havia em nossa época. Éramos muito próximos. Todos os dias, passávamos horas jogando videogame, os momentos de maior alegria. Não dávamos muita corda para o marasmo. Sempre que estávamos perto um do outro, pensávamos apenas em enfrentar vilões e zerar jogos.

Não me lembro de um jogo sequer que tenhamos vencido até o final. Super Mario World, do Super Nintendo, foi talvez o que mais nos envolveu. Mas não tenho certeza. Sei que o único jogo em que ele alcançou uma pontuação de mais de um milhão foi o River Raid, do Atari.

Ele era fanático por futebol e sempre ficava chateado quando eu não deixava ele ver os jogos do seu time do coração, o São Paulo. Eu não era e continuo não sendo um grande apaixonado por futebol. Nem mesmo hoje, com a Copa na Rússia. Porém, tínhamos uma paixão única por um outro esporte que, para mim, era muito mais emocionante. Eu e o Pedro torcíamos para Ayrton Senna nas temporadas de Fórmula 1. E sempre ficávamos frustrados quando nosso campeão não ganhava.

Pedrinho vivia seus momentos introspectivamente. Não se sentia confortável com um amigo sequer para desabafar o que lhe incomodasse. Mesmo eu, que era a pessoa mais próxima dele. Às vezes é que ele encontrava um amigo em quem confiava bastante. Ele pedia para a enfermagem ligar para essa pessoa. Lembro-me dessa pessoa, em uma noite, lá pelas 22h, que veio para o conforto do Pedro enquanto eu estava vendo um filme na Globo.

Mas uma das coisas que mais marcaram nossos momentos foi quando Pedro disse gostar muito do Paul McCartney. Uma vez, em seu aniversário, ele pediu um vinil duplo para um médico que trabalhava aqui. Assim, em nossa vitrola cor de laranja, passávamos dias ouvindo as belas canções do Beatles. A canção que mais me marcou foi “We All Stand Together”, do álbum “All The Best”, de 1987.

Saudades do meu querido amigo e grande irmão Pedro.