Pensamentos sobre a Copa da Rússia

paulohenrique
Eduardo Knapp/Folhapress
Philippe Coutinho comemora gol contra a Suíça, na estreia do Brasil na Copa

Meus amigos, como realmente é difícil ter que escrever algo bom, que não deixe marcas de tristeza, mesmo que você não esteja bem com nada. Não quero me dar ao luxo de me vitimizar. Mas não sou de ferro a ponto de ter que aceitar tudo, como uma ovelha pronta para o abate.

Não há como alguém enxergar ou entender o que se passa e como eu vejo as coisas. Claro que cada um tem seus gostos e desejos, e todos, de uma certa maneira, fazem de tudo para estar o mais tranquilo e confortável possível. Mas no meu caso, que dependo dos outros, isso é quase como pedir um milhão de reais.

Tem gente que nada lhe fiz, mas está de cara virada comigo, justamente por eu estourar com o seu colega de trabalho. Uma pessoa muito justa com seu próximo, mas que não está na minha pele e não vê as coisas como eu vejo. Então, que sejamos justos com todos, não apenas com um.

Então, como contar uma história? Já escrevi tanto de mim, das gotas do passado que vivi, das lágrimas que com alegria ou mágoas chorei, ou mesmo da agonia de um momento em que quase parti, em minha adolescência.

Gostaria muito que minhas memórias estivessem frescas, para assim com grandes detalhes eu poder compartilhar cada segundo de tudo aquilo que vivi. E assim, essa árvore que plantei pudesse diante de muitos mostrar sua verdadeira beleza, em seus ramos e flores.

Bem, vamos parar de reclamar e tentar escrever algo pelo que passo no momento. Digo “momento” nesse exato instante, em que me vejo pensando nas coisas que devo fazer, nas responsabilidades que tenho que assumir e assim, buscar um meio de tudo fazer sentido em minha vida. Hoje, quando escrevo este texto, para mim é um domingo qualquer. Para muitos é o grande dia da estreia da Seleção Brasileira na Copa da Rússia.

A única coisa que lembro quando o país era a antiga União Soviética, é a Olimpíada de 1980, inclusive da cerimônia de encerramento, onde um imenso painel nada eletrônico mostrava com perfeita sincronia pessoas com sinalizadores coloridos, ou sei lá o que poderia ser, um pedaço de papel, cartolina, algo assim. Visto de longe, formavam a cena do ursinho Misha chorando na despedida de um grande evento que marcou o mundo. Uma lágrima que descia perfeitamente nos dando o seu adeus, em um semblante triste, de muita saudades.

Na quarta-feira passada (13), tendo a informação errada de que a cerimônia de abertura da Copa de 2018 na Rússia seria transmitida, liguei a TV e vasculhei os canais de esporte em busca do horário em que nos seria mostrado mais um grande show. Para mim seria assim mas, sem sucesso, aproveitando que dois rapazes vieram dedetizar o banheiro, eu e a Eliana questionamos se eles teriam alguma informação sobre a cerimônia de abertura da Copa. Ambos responderam que seria no dia seguinte, às 15h. Assim, agradecemos o que nos foi informado e eles foram embora, cumprindo suas tarefas de expulsar insetos indesejáveis.

No dia seguinte, depois do almoço, liguei a TV na expectativa de ver algo que não imaginávamos o que seria. Claro, hoje tudo moderno, não teria razão para ter um imenso painel artesanal para nos maravilhar com a incrível capacidade de criar imagens para o mundo ver. Os soviéticos na época deveriam ser extremamente exigentes para que tudo desse certo. Nem sei quantas pessoas foram envolvidas naquele painel para que nos mostrassem tanta beleza. Mas nem tudo é 100% perfeito, pois alguns pontos tiveram suas cores erradas mas, coisa pequena, imperceptível.

Então, nos canais de esporte que diziam transmitir os jogos da Copa, fui atrás do horário de transmissão da cerimônia de abertura e, sem sucesso, resolvi buscar informações no pai Google. A desagradável notícia é que a cerimônia já havia terminado há horas, com uma duração ínfima de apenas 30 minutos e com o ator e cantor britânico Robbie Williams esbanjando charme e respeito, mandando praticamente o mundo inteiro tomar em seus devidos orifícios enrugados. Que gentileza, não? Poxa cara, você tem o privilégio de ser convidado para mostrar ao mundo algo realmente bom, pois estamos em um momento meio turbulento e você faz questão de nos afundar mais ainda? Quer dizer, se afundar, pois não sei se seu gesto foi de agrado até para o seu empresário, ou ele mesmo deve ter lhe proposto, para causar? Complicado isso, pois, se eu fosse o Putin, o mandaria embora do país de forma mais respeitosa possível e diria o seguinte: “quer mandar o dedinho para o mundo? Ótimo, mas faça isso em seu show, ok?”

Mas, voltando a falar da cerimônia da Copa de 2018, não chegamos a ver nem a reprise. Nem pesquisei como foi e tal, apenas soube que grandes celebridades do mundo do futebol participaram. Porém, para deixar bem claro o ânimo que essa Copa tem me dado, sendo hoje a grande estreia de nossa seleção, nem sequer liguei a televisão. Era costume nesses dias especiais a TV já estar ligada há horas e com o som alto, para encher o ambiente de ansiedade e emoção.

Pois é amigos, mais uma vitória teremos. E que essa chance venha com muita paixão e amor a esse esporte. Mesmo em meio a um lugar de enfermos e dores, aqui no hospital, torço para a nossa nação com muito amor. Enquanto eu viver, será para a Seleção Brasileira que ofertarei meu imenso amor.