Céu Escuro
Meus amados, nesse exato momento, tentando me tirar do fundo do poço, eu e a Eliana, não que seja uma briga, ou discussão, mas verdades terão que ser ditas e estas são como socos no estômago.
Eu muitas vezes me odeio por me deixar cair ao decorrer do dia, e quando este termina, apenas ficam pensamentos absortos do que realmente fiz, ou o que aproveitei de horas passadas.
Na segunda-feira, em minha terapia, uma questão ficou no ar quando o verdadeiro sentimento que em mim habita, é o principal causador de minhas quedas. Sim, devo me envolver com isso, saber lidar com esse demônio que me assola, mas como fazer se nas vezes em que ele me possui, torna-se mais forte que eu que possa suportar?
Vocês acham mesmo que tudo que sinto é tão simples e que eu quem esteja somatizando? Nossa, vocês não estão em minha pele para sentir esse ardor que me persegue. Na verdade, como minha psicóloga diz, o que estou sentindo é sim uma grande tristeza, tristeza essa feita de uma rede de pesca na qual me sinto cada vez mais enroscado.
Nem sei ao certo como sair dela. Poxa, amigos, eu gostaria muito de erguer uma grande tela branca e, de tão lúcida, poder passar o filme de horror que estou sentindo. Não se trata de um filme cheio de sangue, e sim sem essa cor escarlate, mas que talvez deixaria todos estáticos de maneira a transformar seus pensamentos.
Sim, preciso mudar meu jeito de ser, aceitar as mudanças que virão e acreditar que tudo está realmente bem, mas, escrevi aceitar, e não fingir.
Ninguém está na minha pele e nesse inferno que no momento vivo, como posso deixar de dar atenção a esse desespero que tomou conta de mim? Cobranças sempre existem e é mais que necessário que elas se façam presentes para que eu ao menos tente lutar pelo meu melhor.
Desculpem por essas palavras, meus amigos. Lá vem eu com mais um péssimo texto, sem vida, sem alegria, sem esperança. Eu me odeio pelos momentos em que assim me encontro, mas, ficar assim, escrevendo esses sentimentos sem valor, me afundando cada vez mais, de nada adiantará.
Preciso muito de uma luz em meu caminho e que assim que essa surgir, eu não mais me sinta abatido, abandonado, excluído.
Sou um ser humano, frágil como todos nesse lindo planeta chamado Terra, e assim sendo, não somente nosso físico é atingido mas também o mais importante naquilo que realmente somos, nossas almas são abaladas.
A fé se esvai como uma fumaça que se espalha no ar. A coragem esmorece como o falecer de uma linda flor. O ar que se respira se torna um silêncio em que nada chega ao seus pulmões e, assim, torno-me calado, em pensamentos absortos, não conseguindo chegar a lugar algum.
Todos têm suas razões e assim torno-me um erro. Pessoas passam em minha frente, deixam suas boas e bondosas energias, mas algo dentro de mim faz com que eu me sinta dentro de uma dura concha.
Sonhar nem sei mais o que possa ser, pois na busca de um sinal de luz, é melhor que eu esteja no fundo de uma caverna ao saber que por muito pouco tempo serei aquecido e, assim, no desespero do que tanto me acalentou, saber que minhas mãos se tornam frias e decrépitas, e eu me encontro sufocado em um choro esmagado.
Lágrimas de meus olhos não nascem mais, pois a dor que meu coração dominou não permite que eu me torne um fracassado diante de todos. Dentro de mim é apenas um lugar onde a brisa passa, levando a poeira do tempo, em rodopios, sem caminhos, sem destino.
Coberto por uma camada espessa de nuvens, meu céu se encontra, permitindo que a escuridão ilumine esse lugar ausente e sem fulgor.
Alguém toca minha mão, meu ombro, sinto o pesar de pessoas que me cercam. Sou calorosamente abraçado e, quando abro meus olhos, não consigo vê-los, mas sei muito bem que estão massivamente presentes.
Eu amo todos vocês.