A Genialidade da Vida

paulohenrique

Meus amigos. Poucos têm ideia de como é extremamente difícil tirar das entranhas de nossas almas algo realmente bom e agradável para escrever. Expor algumas ideias, compartilhar gotas de nossas vidas e, assim, documentar uma escrita vinda do fruto da mente que se aprecia.

Eu poderia aqui compartilhar de minhas paixões quando fui jovem, as quais me levaram à beira do abismo a ponto de uma queda sem volta, mas seriam textos longos e as vezes até monótonos, os quais não sei se seriam bem vindos. Posso contar aqui um episódio que vivi ao conhecer, na época, uma linda moça que estava estudando medicina para se tornar uma cardiologista. Incrível saber que por ela meu coração se apaixonara e não sabendo o que fazer, como um pobre demente, lhe proferi tais palavras que simplesmente a fizeram jamais retornar.

Seu pequeno e lindo nome ainda permanece em minha mente e sua beleza e encanto ainda em mim estão, como uma fotografia congelada no tempo. Era uma beleza oriental, originada do lugar em que o Monte Fuji é o rei dominante.

Mas como foi dolorido aquele tempo em que eu, na minha inocência, não tinha ideia do que realmente estava sentindo. Fiquei extremamente perdido, ausente de minha realidade, querendo a todo custo dar o adeus a uma dor dilacerante. Eu não sabia o que pensar, o que fazer e como agir. O mundo naquele momento se mostrara um verdadeiro inferno e o demônio me possuía.

Naquele tempo, nada me ajudara. Havia apenas palavras de uma pessoa próxima, que com sua presença me destruía mais ainda. Na verdade, era uma superproteção de quem me adotara como filho. Claro, sua intenção era apenas me ajudar, mas ela jamais teve ideia do quanto suas palavras e mentiras machucavam.

O que eu queria afinal? É muito simples muitos chegarem a mim, e vendo minha condição, dizerem que jamais posso aquilo que tanto almejo. Vocês tem ideia do furor que surge em você quando alguém simplesmente lhe diz que você jamais pode alguma coisa? O que é realmente jamais poder? Taxar você de inútil e torná-lo um escravo moral a ponto de possuir sua essência?

Olha, existe uma palavra no dicionário que a cada dia tem se tornado a mais odiosa de todas: “resiliência”. No dicionário Houaiss, um sentido que é muito forte sobre essa palavra, é um forte murro no estômago. “2 fig. capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças”. Sabe? Eu tenho um grande sonho. Um dia, não tenho ideia de quando, quero muito passar uma – eu disse uma – semana em Nova York. Sim, meus amigos, eu amo essas coisas cheias de luzes, outdoors, cores e muita gente. Sim, eu amo isso e, se assim eu conseguir, praticamente uma semana inteira, deixarei de dormir, para assim, poder curtir ao máximo aquilo que tenho certeza que será uma única vez.

Mas, vejam que ironia: se aqui perto, ir para o terraço, por exemplo, é algo além do difícil, o que direi então ir para fora do país? Devo então adotar a palavra resiliência e esquecer esse sonho, pois o que no passado me disseram, torna-se real? Meus amigos, eu não quero isso, não quero crer que há a impossibilidade que às vezes se intromete em nossos sonhos. Não que seja a impossibilidade que acaba sendo dominante, mas sim o sentido real de nossas vidas, tipo, tudo me é possível mas nem tudo me convém.

Serei sincero com vocês, eu, mesmo tendo aquele trauma da minha primeira e real paixão, que quase me tira a vida, quando anos se passaram, aqui, mesmo no hospital, uma outra linda e perfeita mulher fez parte do meu coração. E, assim, novos capítulos de grande sofrimento surgiram, de uma maneira mais intensa.

Ela sempre estava presente, e meu desejo por ela era como um vulcão prestes a explodir.

Não irei detalhar aqui essa história de minha vida, talvez em algum texto passado eu tenha feito isso, mas, sim: eu a namorei. Destruí aquelas palavras: “Paulo, você não pode”, e assim foi o pouco que vivi como o homem que poucos veem em mim.

Hoje, com meus 50 anos, olho para trás e em meus momentos descontrolados me vejo possuído pela ansiedade de momentos poucos aproveitados. Hoje, tento refletir quando a oportunidade me vem, para eu sempre poder dedicar o meu melhor, da minha condição de amar.

Não sou apenas o que vêem, sou sim um mistério que tem muito a ofertar e jamais deixar dúvidas na vida das pessoas. Essa certeza tenho desde quando essa pessoa que consegui conquistar, antes de partir para o além, me expressou em palavras e atitudes que eu fui seu melhor momento.

Bem, hoje, logo que liguei meu computador e acessei minhas redes sociais, uma notícia que abalou o mundo também me causou grande tristeza e, ao mesmo tempo, uma consciência de grande alívio.

Faleceu uma das maiores mentes do mundo de nossa época, um gênio que, em meio a suas dificuldades, nos mostrou como realmente o universo em nossa volta é. Uma pessoa com uma mente extremamente esplendorosa, com sua visão do que é o ser humano: um verdadeiro átomo diante da grandiosidade que o infinito domina.

Mesmo diante dessa esclerose que o dominava, ele jamais se permitiu cair, pois o que em sua mente existia era de uma grandiosidade descomunal, podendo assim deixar ao mundo um legado de exemplos verdadeiros do quão frágeis somos diante do cosmos que nos cerca.

Assim, a vida nos desafia, como foi para Stephen Hawking. Seus caminhos foram cercados por obstáculos imensos, mas jamais desistiu de enfrentá-los, e assim sigo minha vida em frente, seja lá como for. Ainda sonho em visitar a Times Square.

Muito obrigado, Stephen Hawking.