Os fantasmas assombram novamente

paulohenrique

Bem, posso dizer que eu estou dentro de um labirinto, sem nada que possa dar sinais de qual caminho seguir. Aí você vem e diz: “pronto, lá vem o Paulo com suas crises existenciais, mas que cara chato…”. Vocês estão certos, chega um certo momento da vida da gente que começa a chover, e as primeiras gotas frias que começam a cair, em questão de segundos, se transformam em uma tempestade de fim de mundo.

Mas, vamos parar de falar de fim de mundo, afinal de contas, estou aqui, dando socos pesados em mim mesmo, sim, um outro eu que insiste em querer jogar tudo para o alto e não levar suas responsabilidades adiante e assumir suas tarefas. Sim, meus amigos, estou quase vencendo essa luta mais que sangrenta, pois eu preciso realmente acordar.

A vida não é um mar tranquilo, como parece que se chama uma parte da lua, aliás, nem água existe lá. Quem foi o sujeito que batizou de Mar da Tranquilidade? Tranquilo até pode ser, e agora mesmo eu quereria muito estar lá, mas, nesse ponto, eu seria um verdadeiro inútil. Uma vez, quando eu tinha um aquário, eu disse a uma voluntária que eu gostaria de ser como esses peixes que apenas têm que comer para viver. A resposta dela foi certeira. “Para que? Eles apenas estão ali, você não, você tem suas responsabilidades e faz parte da vida de muita gente.”

Esse coitadismo que me persegue e parece que se apaixonou por mim de tal forma que não quer me largar, mas eu preciso muito mudar isso. Nossa, gente, como eu realmente preciso mudar minha maneira de pensar e trabalhar para que tudo ao meu redor se transforme. Veja bem, se estou afundando em uma areia movediça, quem colocou a areia movediça no lugar que passei fui eu mesmo, então, caramba, saia daí, bicho asqueroso! Você é capaz, não é um perdedor!

Então, acho que consegui sair. Aliás, você está aí, lendo essas palavras, que nesse momento tornam-se menos sofrível escrever.

Ontem tive minha terapia com a psicóloga. Desabafei a ela sobre certos fantasmas que vezes e outras me assombram. Gente, eu não sou santo, sou, sim, um grande patife e pecador, e confessei a ela coisas que fiz nem sei por que, em momentos de minha juventude rebelde.

Foram atos impensados, que passam em minha mente em momentos que eu nem espero. Quando acontece isso, é como se desse uma pausa em minha mente e assim como em uma tela de cinema, as cenas passam e, como um filme de terror, vivo diante de um passado nada bom.

Me arrependo imensamente por ter vivido esses momentos, mas, de uma certa maneira, foram para mim grandes aprendizados. Tudo tem a ver com esse nosso sofrimento e não aceitação de nós mesmos, onde o maior desejo é o pior pensamento e, assim, prefiro me ausentar quando certas ideias vêm de encontro a mim.

Hoje ainda me custa me perdoar. O passado já não existe, e procuro ofertar ao meu próximo sempre do bom e do melhor.

Bem, acredito que todos nós, temos esse momento de alto julgamento, e, assim, nos tornamos vítimas. Grande besteira isso tudo, mas também não vou dizer que eu seja o “cara”, muito pelo contrário, vivo fazendo isso comigo, e é a pior coisa que fazemos com nós mesmo.

Mas penso o seguinte: não é apenas assumir nossos erros, e sim refletir antes de agir, para justamente não cairmos nessas armadilhas. Não vou dizer que eu esteja preparado, que faço isso, aliás, estou ainda muito longe de refletir e quando vejo a merda já está feita. Mas sou capaz de assumir os meus erros e quando vejo que a oportunidade é certa chego na pessoa que magoei e, olhando em seus olhos, peço perdão. É claro que a pessoa não apenas perdoará ou não, mas, em certos momentos ela lhe dirá o seu ponto de vista, e aí sua culpa será bem maior, mas, mesmo assim, sejamos responsáveis.