Moda hospitalar existe?
Meus queridos e amados leitores. Bom dia para quem é de dia, boa tarde para os que são da tarde e jamais esquecendo os notívagos que tenham uma boa noite.
Bem meus amigos, nos meus praticamente 50 anos morando dentro de um hospital, nunca em minha vida vi algo que me surpreendeu hoje.
Olha, não sei como funciona essa “moda hospitalar”, uma vez que acredito que haja um padrão determinado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) ou sei lá de outro órgão especializado. O que sei é vi hoje algo que não gostei.
Estou questionando se a “moda hospitalar” existe e, se sim, com certeza algum estilista deve estar lutando para colocar sua grife em dia e sair feliz por ser escolhida. Não é novidade para ninguém que, logo quando vim para cá, com meu um ano e meio de idade, a moda era usar aqueles chapeuzinhos, que faziam você ter a certeza de estar dentro de uma área de saúde, isso era no final da década de 1960 e início de 1970.
Das vestimentas que usavam, o branco era predominante e assim, tudo era bem mais claro, nítido e belo. Mas acredito que, de tanta “branquidão”, durante o passar dos anos, resolveram dar certas cores para melhorar o ambiente de trabalho e era algo agradável de se ver.
Vamos lá, vocês vão dizer que só critico e ainda por cima por coisas tão pequenas, mas, meus amigos, vejo essas paredes ao meu redor, a minha vida toda. Me sinto protegido e seguro por estar em um lugar que me oferta grande saúde e, por mais que você não faça uma faculdade de medicina, sim, você acaba aprendendo alguma coisa, a começar, em ofertar respeito e bom ânimo aos recém-chegados.
Mas, que diabo estou falando? Ok, vou detalhar pouco aqui, o que realmente está me chamando atenção. Durante os anos, o que muito tem mudado são os uniformes e as cores destes que os profissionais da saúde a cada temporada têm que adotar. Sim, deve tratar-se de algum padrão exigido para justamente identificar suas áreas de atuação.
Como escrevi antes, quando garoto, o branco predominava. Um bom tempo depois, veio o azul, cor esta que todos usavam, menos os médicos que permaneciam brancos. Anos se passaram e o azul foi substituído pelo verde-claro e mesmo assim, parecia que o branco era obrigatoriedade para os doutores.
Anos e anos se passaram e o branco retorna como padrão para todos e assim a tranqüilidade reinava.
Porém, de uns tempos para cá, tudo mudou radicalmente. Resolveram então adotar cores de identificação de cada profissional da área. As técnicas de enfermagem estão usando um uniforme cor de laranja, as enfermeiras um roxo não muito escuro e, os médicos que eram intocáveis, agora, são obrigados a usar um verde não muito claro. Isso já fazem uns anos e nos acostumamos com essas cores presenciais.
Mas, hoje, a mudança foi tão radical que todos estão estranhando. Por cima do uniforme laranja, as enfermeiras têm que usar um avental e, este que sempre branco foi, agora é um azul marinho quase preto. Sim, dos 50 tons de preto, essa é a cor que parece que daqui pra frente será o padrão hospitalar.
Logo que vieram cuidar de mim, perguntei o que seria aquilo, e foram falando que agora será assim o novo avental do hospital. Mas, na minha visão, algo está errado. Vejam, em setores onde cuidam de crianças, tudo tem que ser de uma maneira que possa transmitir um certo conforto à criança: paredes de cores suaves ou com alguns detalhe infantil. Os uniformes têm que ter estampas de desenhos atrativos para que elas tenham algo que a distraiam e tal.
Certo, aqui, não é área infantil mas, eu insisto que, você tem que criar um ambiente bom, agradável. Amigo, deve ter algum departamento que estude esses detalhes e dessa vez, acho que erraram feio. Quando estou sem óculos, tudo fica embaçado. Imaginem-se vocês deitados e sua visão panorâmica observando pessoas escuras na sua frente. Ao invés de lhe ofertarem algo agradável, parece que você está diante de uma seita.
Que coisa não? O hospital é um ambiente pesado, cheio de dores, sofrimento, um silêncio que você tem que dar o respeito para aqueles enfermos que desejam de imediato uma cura para suas enfermidades e, de repente, o que se oferece para tentar suavizar tanto pesar é uma cor que lhe tira a luz, lhe tira o brilhar.
Bem, não estou escrevendo para que mudem de ideia sobre isso ou aquilo, mas, sim, eu critico. Para mim, é um passo para trás. Na saúde, usar cores escuras, não é sinal de bom agouro.