Um momento de insônia

paulohenrique

Acordei às 5h30 hoje e neste exato momento são 6h04 da manhã. Estou aqui refletindo sobre o que escrever e tentando compartilhar algo legal para os meus amados leitores, sem aqueles textos cheio de melindres e melodramas.

Acordei devido as dores físicas que eu estava sentindo pelo mal posicionamento que me acomodaram. Não é culpa da pessoa que cuidou de mim. Na verdade, tudo realmente é muito difícil. Elas, que cuidam muito bem de mim, têm que se dedicar ao extremo com os outros pacientes que precisam mais de atenção, enquanto eu, por mais difícil que seja, consigo de uma certa maneira me virar. Para tentar aliviar a dor que estava sentindo, consegui me posicionar de uma maneira mais confortável.

Antigamente tudo era mais fácil. Mirradinho, eu conseguia fazer quase tudo. Em momentos de cansaço nas madrugadas eu dava um jeito de me virar para o lado que eu queria e assim voltar a dormir.

Como qualquer garoto também tive meus momentos de rebeldia não querendo acordar. De repente, a luz do sol iluminava o pano que cobria o meu rosto. Aquilo me incomodava e eu tentava fazer de tudo para ter uns minutos a mais de sono. Tinha aqueles momentos em que eu era acordado e assim a birra durava o dia todo.

Mas, quando algo de interesse estava presente, eu acordava ansioso. Já pensava nos jogos de videogames que eu tinha naquela época, principalmente Super Mario no console da Gradiente Phantom System que eu tinha. Foram muito gostosos estes momentos que hoje fazem grande falta.

Recentemente, justamente pelo momento que estamos vivendo, venho expressando para as auxiliares quando estão me banhando, os encantadores Natais que vivi. Foram datas festivas marcadas com muitas felicidades tão bem vividas até hoje estão fresquinhas em minha mente.

Era delicioso poder andar de cadeira de rodas no imenso corredor do instituto e, bem no meio, poder encontrar uma grande árvore natural cheia de bolas cristalinas refletindo tudo ao meu redor.

Esse instituto passou por uma grande reforma, mas antes o teto era bem alto, não sei dizer com certeza mas posso imaginar que tinha uns quatro ou cinco metros. A árvore que encantava o Natal era grande, farta e muito linda. Durante os finais das tardes eu ficava perto dela, me observando nas grandes bolas de vidro que, quando caíam e se quebravam, mostravam o seu interior como um espelho que reflete sua despedida.

São 6h33 e neste momento vem uma gota de lembrança de outro grande encanto que ficava ao lado dessa árvore de Natal. Uma maca de hospital era cercada por papel pedra, para assim, simular um morro, e sobre esse morro era montado um lindo presépio. Um pedaço de espelho cercado por gramas de plástico formava um rio e, ao redor, cabras, bois e vacas feitas de porcelana eram colocadas como se estivessem matando sua sede.

Cercas e cercados eram colocados de forma que mantivessem as ovelhas perto de seus pastores e poucas galinhas ciscavam a grama artificial. No meio de todo esse cenário a manjedoura era criada, e João e Maria eram colocados um de cada lado no local sagrado do menino Jesus.

Eu ficava atento a cada detalhe, vendo aquele lindo presépio sendo montado, e perto de João e Maria, um boi e uma vaca foram colocados. Disseram para mim que eram para aquecer o menino sagrado. Logo depois, colocaram três figuras que traziam presentes e, ao lado de cada uma dessas figuras, um camelo carregado de presentes. Disseram que eram os Reis Magos que seguiram a grande estrela no céu para chegar até onde a criança estava e, assim, lhe ofertar boas dádivas.

Foram tão gostosos estes momentos e, como eu disse antes, fazem muita falta. É claro que quando os dias de festividades acabavam, tudo era desmontado. Eu era testemunha daqueles momentos tristes nos quais as lindas bolas de vidros eram tiradas da grande árvore e eram embrulhadas em folhas de jornal.

Ao redor no chão, muitas caixas de papelão para serem preenchidas com temas natalinos que somente voltariam à vida 11 meses depois. Poucas horas depois de tirarem as caixas já cheias, urge somente uma árvore verde alta que parece sem vida. É difícil explicar para uma criança porque tudo tem que ser assim. Eu ficava ali por horas olhando aquela árvore nua até que viessem buscá-la e silenciosamente me despedia.

Outros maravilhosos Natais vieram com grande alegria e hoje tudo está dormente. Fazem três anos que não mais enfeitamos o nosso quarto e quando os dias festivos se vão, um sentimento de momentos perdidos vem acompanhado de um breve frustrar. Mas os dias se seguem e durante o ano todo temos muito a conquistar.

Mas, como eu falei logo acima, antes tudo era mais fácil. Hoje nem tenho ideia de qual seja meu peso, mas sim, deve chegar perto dos 100 quilos. Tudo se torna bem complicado, mas tenho que aceitar que a idade chega para todos nós, e, com ela, grandes surpresas. Muitas delas não são bem vindas. Longe de mim dizer que eu já esteja nos meus poucos dias futuros, quero chegar a 2067, quando completarei 100 anos de vida, para poder, com toda a felicidade, declarar minha vitória de uma vida completa.