Páscoa em meio à fragilidade do mundo

paulohenrique

Já passa da 0h. Estou pronto ir dormir, mas começo a refleti sobre a delicada situação em que o mundo se encontra. Diante da fragilidade emocional de grandes governantes, vivemos na ânsia de algo nada bom, que a qualquer momento pode ter início: uma guerra.

Nós mesmos vivemos uma guerra política em nosso país. Temos milhares de pessoas que passam despercebidas por situações de miséria, empurradas a um cataclisma cruel e sem precedentes.

Tentamos a todo custo gritar, usando as forças de nossos pulmões para brigar por nossos direitos. Ficamos em meio a multidão, sob o sol escaldante em busca da Justiça. Mas, infelizmente, a Justiça foi sequestrada por líderes gananciosos, que sobrepujam todos que nos sentimos dominados pelo medo.

É como se fosse uma espessa nuvem se aproximando, nos tirando a alegria de viver e nos colocando em desespero. Desperta assim o ódio em todos os lados que caminhamos. Não há segurança em nosso caminhar, não há respeito, quase não há amor.

A crise vem de maneira cruel, destruindo muitos sonhos e nos levando ao desânimo. Muitos acordam preocupados com seus filhos, em colocar algo na mesa para alimentá-los. Pessoas dominadas pela agonia, que logo se tornarão mais uma alma ceifada pela morte, vencida pela hostilidade de governos egoístas.

Eu gostaria que, principalmente, as crianças fossem poupadas. Crianças essas que estão sendo expostas a exemplos da crueldade humana. Estamos lhes tirando a infância, o sorriso, a família, o amor.

Coelhinhos de pelúcia em comemoração de Páscoa (Fabiano Accorsi – 30.mar.96/Folhapress)

Assisti a imponência dos norte-coreanos para mostrar ao mundo que nada os abala. Horas antes, a “mãe de todas as bombas” foi solta para estremecer e matar, e para mandar a mensagem de que os americanos não estão preocupados com declarações das Nações Unidas, mas sim em espalhar o terror.

Ninguém mais presta atenção no que há ao seu redor. Garanto que nesse momento, Donald Trump dorme tranquilo. Logo despertará e tomará seu luxuoso café da manhã, sem se preocupar com suas decisões. Pegará uma lustrosa faca, passará na manteiga e espalhará em um croissant quente, recém-saído do forno. Como um dos donos do mundo, ignora os necessitados que lutam em defesa de sua pátria.

Estamos frágeis. A violência e a hostilidade contra os inocentes são tão frequentes que não é necessária a ação física, um olhar pode ter esse poder, pode nos diminuir drasticamente.

Vi na TV o Papa com semblante sofrível rogando aos fieis boas dadivas e muito amor. Mas atos balísticos contra inocentes continuam a acontecer apesar da data sagrada. Não há respeito ao momento que, na minha juventude, era marcado por missas, histórias e celebrações trazidas por padres que vinham me visitar.

Sinto saudades da época em que a inocência me cercava. Havia tanta beleza. A crença de que anjos estão presentes dava um sentimento de grande satisfação.

Hoje cresci. E com o amadurecimento vieram as incertezas sobre tudo aquilo que um dia sonhei. É muito mais fácil acreditar em nossas fraquezas e derrotas do que ficar firme na fé e esperança. Mas eu creio em Cristo, tenho um imenso respeito por Nossa Senhora, e acredito realmente em Sua seriedade quando, por meu livre arbítrio, escolho caminhos difíceis.

Desejo a todos sempre o melhor. Por mais que eu esteja abatido, rogo muito a Deus que ilumine este lindo e maravilhoso mundo. Que permita que as boas crianças tenham chance de ter vidas alegres, cercadas de muito amor.

Celebrar a Páscoa é algo muito intenso e forte. É quando a luz que está dentro de cada um de nós ganha um novo ímpeto e a vida se renova. Temos a certeza de que, apesar de tantos riscos, ela permanece viva por mais que bombas caiam em nossas cabeças.

Feliz Páscoa!