Dizer Apenas Obrigado é Muito Pouco
Vivi nestes três dias que se passaram uma overdose de emoção da qual uma parte muito pequena conseguirei expor aqui, nessas letras que muitos leem e que por mais que tentem encontrar imagens para ver essa grandiosidade, não alcançam seu esplendor. É claro, somente eu vivi estes dias com grande ternura e amor.
Encontrei pessoas que nunca vi na vida e essas me ofertaram tão imenso carinho que chego a pensar em estar em um mundo paralelo, onde dizer que o ser humano é um ser cruel torna-se a pior das mentiras.
Tudo começou na sexta-feira passada, era bem perto das 19h30, eu já estava ansioso, juntamente com meu irmão e minha maninha Jê. Tornava-se incomodo a demora da ambulância para me levar a um lugar que meu irmão queria tanto que eu conhecesse.
Quase às 20h00 veio a tão esperada ambulância e mais do que pressa, e já preparado, me despedi de minha verdadeira irmã Eliana, com um aperto forte no coração por deixá-la só. Antes, porém, deixei tudo de uma maneira que essa solidão não fosse tão presente.
Dentro da ambulância, já de encontro ao destino, estávamos embalados por algumas músicas que coloquei no celular para animar o ambiente. Entre pequenos solavancos das ruas de São Paulo, a música me guiava em sua harmonia suave e muito gostosa.
Já no local pelo qual meu irmão tanto ansiava, eu fiquei prestando atenção a tudo ao meu redor. Olhando o imenso céu escuro, dava para ver poucas estrelas. Em volta, grandes prédios poucos iluminados enfeitavam esse momento marcante dessa noite encantada.
Fui calorosamente recebido pelo supervisor e gerentes do restaurante australiano Outback, no Shopping Jardim Sul. Deixo aqui meu terno agradecimento a estes que grande felicidade me ofertaram: Ricardo Ferracini, Marcos e Yan.
De maca, fui levado para dentro do shopping, em direção ao restaurante. Um lugar muito agradável, com pouca iluminação e muita música. A felicidade era imensa dentro de mim, e compartilhei em vídeos ao vivo em minha rede social, mostrando muita emoção e imenso amor.
Não quero deixar aqui detalhes que expressam cada cantinho, mas quero, sim, dizer sobre o calor humano que havia ao meu redor. Era como se uma imensa família estivesse presente e ali tudo se passava de maneira suave e inesquecível.
Conquistar amizades é se arriscar e olhar nos olhos dos que estão ao nosso redor e ter a certeza de alguma maneira tocamos em seus corações. Estes estão sempre presentes para nos ajudar no que for preciso. Foi isso que aprendi estando fora do hospital nesses dias.
Depois dessa orgia gastronômica, fui levado para um passeio dentro do shopping, mas, devido ao horário, todas as lojas estavam fechadas. Nesse passeio conheci um grande fã de Star Wars, Marcelo Correa, que tem um grande dom e profissão: bombeiro. Entre amigos e ele, conversamos muito sobre nossa paixão pelo universo que George Lucas criou, e assim, criamos uma grande amizade.
Como eu disse antes, entre desconhecidos, tive ao meu lado pessoas que me ofertaram grande amor e carinho. Não é nada fácil me levar para os lugares que eu gostaria tanto de ir, é necessário força braçal. Isso, às vezes, me incomoda muito pois eu sei que sou pesado, e ficar carregando alguém não é para qualquer um. Talvez muitos não fariam, mas eu estava cercado de anjos. Depois do shopping, um ritual de forças foi necessário para me levar até o apartamento de meu irmão, um lugar abençoado, muito limpo e calmo, onde passei uma agradável noite aos cuidados da nossa irmãzinha e técnica de enfermagem Jê.
Acordei no dia seguinte cedo. A cortina da janela à minha frente; mostrava um dia ensolarado entre sua pouca transparência. A Jê estava no sofá ao lado, dormindo, mas sempre atenta ao meu chamado. Quando menos se espera, ela acorda e nos damos bom dia. Instantes depois, vem o meu irmão Luiz e sua esposa Lorena, que foi uma grande irmã para mim, eu agradeço imensamente.
Lorena se despede dizendo que tem que ir trabalhar e assim ficamos nós três sozinhos, decidindo nosso café da manhã. Um pouco mais de uma hora depois, a Jê procura meios para me dar banho, vendo com o meu irmão algum recipiente para colocar água quente e sabonete. Quando tudo está preparado, vem meu irmão para também me banhar; um momento único em minha vida que somente os anjos sabem o imenso agradecimento que tenho, e somente dizer obrigado é insignificante.
Embalados por música, passamos aquele momento de muito amor. Depois do banho, meu irmão começa a planejar o passeio no Parque Burle Marx. Para ajudá-lo, pessoas do prédio vieram sem que ele precisasse chamá-las e todos doaram muito de si para promover uma grande felicidade em minha vida. Passamos a tarde inteira naquele lugar cheio de vida, entre cantar dos pássaros e sombras de grandes árvores. Fiquei fascinado em momentos quando encontrava em minha frente, praticamente uma floresta mas que não dava para caminhar dentro devido a maca.
Em cima de uma passarela, fiquei um bom momento olhando a paisagem à minha frente, onde bem ao fundo grandes prédios eram iluminados pela luz do Sol. Abaixo, árvores e mais árvores, e descendo minha visão via, ao longe, pessoas caminhando em passos lentos ou se exercitando. Vi um casal bem distante que pareceu acenar para nós. De repente, uma menina, pode-se dizer que com seus 4 aninhos, foi correndo em direção a um bosque mas logo deu a volta e começou a retornar em direção a um senhor que poderia muito bem ser seu avô. Fiquei olhando essa aventura se passar em minha frente, onde a menininha, com dificuldade tenta sentar em um tronco de arvore deitado que seria usado como acento. Seu avô a ajudou, mas, poucos minutos depois ela resolve caminhar entre as gramas novamente.
Resolvemos ir até o gramado e jogar War. Várias pessoas vieram nos ajudar sem que ao menos chamássemos. Sobre uma prancha e um colchão, consegui alcançar a grama e carinhosamente senti a maciez da terra que a cerca. Eu estava tocando em vida, a vida de nosso lindo Planeta Terra. Instantes depois, meu irmão ergue um lençol e prepara o tabuleiro do jogo War. Foi uma tentativa frustrante, pois nem meu irmão, nem eu, nem a Jê lembrávamos das regras do War II e assim passamos apenas a curtir o ar ao som de música do celular.
O céu começou a mudar e, assim, de surpresa, o nosso novo amigo bombeiro Marcelo Correa estava presente. Dessa vez, fui levado para o seu veículo e, assim, chegamos a outro restaurante que me chamou muito à atenção pelo ambiente, Star Wars! Estou falando do Jet’s Burguer e Grill, e quero muito agradecer ao Ricardo que, sendo muito simpático, nos dedicou um serviço muito abençoado. Ele disse que viemos em um momento muito legal, pois haveria um evento com os stormtroopers de Star Wars, mas infelizmente minhas necessidades físicas não permitiram que eu ficasse até as 20h00, o horário que aconteceria o evento.
De volta ao apartamento de meu irmão e da Lorena, pedi para a Jê que me virasse para eu ver um pouco a TV, mas esta estava muito ruim, então, fiquei um bom tempo teclando no WhatsApp.
Por volta das 22h30 pedi para a Jê me pôr para dormir, pois eu estava cansado e, além disso, seria o início do Horário de Verão…”
Acordei no dia seguinte depois das 8h00. O Sol mostrava seu esplendor nos prédios em frente. Acima deles um azul quase escuro de tão limpo e lindo. Quase no mesmo momento, a Jê acorda perguntando se preciso de algo. Naquele momento, somente pedi água pois eu estava com desconforto no estômago.
Pedi meu celular para deixar uma rádio embalar o ambiente. Com todos estes dias fora, liguei para minha irmãzinha Eliana para saber como ela estava, e ficamos eu e a Jê conversando no viva voz quase meia hora, rindo de nossas conversas e saudades, e em cada minuto eu declarava amá-la, um amor de irmão, realmente unidos pelo tempo e que sempre foi o pilar de nossas vidas.
Ficamos ali, meio sem saber o que fazer, quando a Jê pergunta se eu gostaria de ser virado na direção da janela, para vislumbrar a beleza do Sol que iluminava tudo. Aceitei a proposta e muito me encantei com a imensa janela, que a Jê deixou bem perto. Fiquei olhando cada detalhe dos prédios, contando suas janelas, e perdia a conta prestando atenção a um avião que passava distante.
Logo abaixo, pessoas caminhavam de mãos dadas ou guiando seus cães de estimação. Dava para ver também poucos veículos que passavam, às vezes motos surgiam com seus roncos de motores.
Depois de um tempo, a Jê me pergunta se consigo ver a piscina, mas eu não conseguia.
Olhando um grupo de pessoas, percebo que entre elas estava o meu irmão Luiz. Sendo assim, prestei mais atenção e vi que junto a ele estavam os meus outros irmãos, Cesar e Caio. Alguns minutos depois eles entraram no apartamento e vieram me cumprimentar, gostaram da caixa de som que estava tocando a rádio, perguntaram se tenho alguma novidade e, sem ter algo realmente a lhes contar, voltei minha visão para a janela.
Passado algum tempo, eles resolvem voltar para o térreo, onde havia a piscina e a churrasqueira. Alguns instantes depois, na companhia da Jê e da Lorena, entram novamente meus irmãos e a mãe, minha madrasta, com seu imenso sorriso e toda feliz em me ver. Em instantes vem meu muito amado e querido pai. Barbudo, com seu cabelo branco, ele se aproxima de mim num silêncio triste mas cheio de amor. Pergunta poucas coisas e eu o apresento para a Jê.
Ficamos lá conversando um pouco até ele sentar no sofá atrás de mim. Menos de dez minutos todos resolvem descer para arrumar o lugar onde irei ficar. Ficamos ali, eu a Jê e a Lorena na cozinha.
Chegou a hora da festa e ali houve muito amor. Fui alimentado pela mãe que se dedicou a mim grandemente. Vi minha sobrinha, a quem eu não me lembro de ter visto em minha frente em algum momento quando criança, mas que hoje está uma moça muito linda.
Ouvi conversas entre piadas e risadas de assuntos que eu não estava entendendo.
Mas, eles estavam ali, minha família estava comigo, e a eles eu amo infinitamente.
Agradeço tudo ao meu irmão querido, que planejou tudo e me deu de presente o seu imenso amor por mim.
Muito obrigado.