Um Pai, Mais que Herói

paulohenrique
Meu Pai
Benedito Machado Gomes, pai de Paulo Henrique

Não há como esquecer esse momento marcante que passou em minha vida. Algo que deixo claro aqui é que não fui abandonado, largado em um hospital, como alguns até acreditam que eu não tenha família. Sim, tenho família, pai, irmãos, irmã e madrasta. Sim, são minha verdadeira família, aos quais respeito e amo incondicionalmente.

O fato de eu morar há anos em um hospital e não no seio familiar, não foi por culpa deles. Foi uma situação inesperada que me fez vir para cá, logo no início, onde até hoje permaneço.

Naquela época, em que a polio arrasava e matava crianças, não era algo que realmente desse coragem, levar um filho seu para casa, e tentar a todo custo dar-lhe vida, diante de tantas dificuldades, e a principal delas, fazer com que você tenha uma qualidade de vida sem traumas. Algo que meu abençoado pai tentou, mas sem ter forças suficiente para assumir isso, ainda pela perda de sua esposa, minha mãe, que, dois dias depois que nasci, não aguentou e partiu.

Foram anos e anos aqui dentro, entre a criança que fui e a rebeldia na adolescência. Momentos de pura ignorância da responsabilidade, dando lugar a buscas incansáveis de porquês, de eu estar aqui e não ao lado deles. Mas, eles não são os culpados por isso, jamais foram, e se em algum momento houvessem sido, eu os perdoaria com toda a certeza.

Tenho a máxima certeza de que meu pai é o herói que todos nós, filhos, que andamos nesses caminhos tortuosos, de solo duro, onde a cada passo há sempre uma queda, este meu, sendo meu herói, está sempre ao meu lado, me carregando, mesmo não estando presente.

Peço perdão ao meu pai, pelo muro que ergui, como um símbolo de uma falsa discórdia que eu mesmo criei. Os pais estão munidos de tanto amor, que suporta a todo custo nossa braveza, nossos ataques e desamor. Eles suportam e estão sempre a espera do momento em que essa defesa que criamos em nós mesmos, na ignorância, um dia se quebre, e ao quebrá-la, lá está ele, de braços abertos a nos esperar.

Nesse infinito amor, ele nos aquece, pronto a nos levar a caminhar por lugares onde a verdade habita, onde o caminho para a boa esperança vem ao nosso encontro. Meu pai é assim, um herói forte, que mesmo em minha cegueira, está ali, me observando, torcendo para que eu, sim, supere todas as dificuldades que a vida tem por me ensinar.

Meu pai é assim, um protetor, um amor imenso, que mesmo diante de minhas quedas e falhas, está preparado a me erguer, me levantar como sua eterna criança, e ele jamais permitirá que eu falhe.

Meu pai é assim, um amor. Onde quer que eu vá, está sempre ao meu lado, e quando em caminhos errados eu seguir, ele alerta para o que pode vir, e mesmo eu esmurrando seu peito com toda força, querendo conhecer aquele caminho perdido, ele está comigo, sabendo que irei falhar. Mas, seu amor imenso será o único poder que me tirará dos espinhos doloridos que entram na alma, pelas escolhas erradas que fiz.

Muito obrigado meu pai, por sempre estar ao meu lado, mesmo existindo um muro entre nós que eu criei. Agora, tento com todas as minhas forças derrubá-lo, para que possamos um dia nos abraçar e nos unirmos como pai e filho que realmente somos.

Eu o tenho, o senhor é meu, me pertence e jamais nos separaremos. O sangue que em minhas veias caminha, vem do senhor, pai, e este sangue tem também o amor de minha mãe, que um dia esteve entre nós.

Eu te amo pai!. Eu te amo.