Hoje, após o banho, não sei exatamente o porquê, tive uma lembrança de um momento muito divertido em minha vida. Acredito que pela maneira que a luz do sol iluminou boa parte dos objetos que tenho na mesa e no criado ao lado.

Uma época em que, sem computador ou videogames, o que muito me divertia, além da televisão, era ler gibis. Hoje, muitos me perguntam se curto HQs, ou mangás, ou histórias em quadrinhos, mas, para mim, exceto os mangás, tudo considero como gibi.

Muitas revistinhas e personagens passaram pela minha infância e adolescência. Os que mais peguei paixão eram o Donald, Mickey e Tio Patinhas, sem esquecer o que me fez realmente querer escrever este texto, o Pateta.

Não tenho nenhum deles hoje, e isso soa bem triste. Tudo foi substituído pela tecnologia, computadores, games e internet.

Não faz muito tempo que, apenas por querer lembrar, fui em busca de títulos como “Pateta Faz História” pelo Google. Encontrei pessoas vendendo coleções que marcaram muito minhas manhãs quando eu não queria fazer nada, apenas ler. Eu ficava horas lendo e admirando cada quadrinho desses episódios engraçados do Pateta, e alguns até ficavam surpresos com minhas gargalhadas.

Mas não foram somente estes gibis que passaram em minhas mãos. No decorrer do tempo, muitos outros personagens fizeram grande parte de minha leitura. Claro que nada se compara a um bom e interessante livro, mas, somente muito tempo depois, é que os livros se tornaram interessantes.

Tive oportunidade de conhecer um imenso universo de personagens dos gibis, de Brucutu à Recruta Zero. Vieram também Riquinho, Mandrake, Fantasma, a Turma da Mônica, Pantera Cor-de-Rosa e até Os Trapalhões.

Mais tarde comecei a ter interesse por quadrinhos menos infantis. Querendo conhecer mais sobre heróis, me envolvi com universos DC Comics e Marvel.

Houve longos anos em que meus dias eram divertidos apenas quando eu lia quadrinhos. Muitas vezes enfermeiras achavam estranho meu travesseiro estar muito alto e, quando checavam, encontravam pilhas de gibis. Eu colocava do lado direito do travesseiro os que não tinha lido, e quando os acabava, mudava para o lado esquerdo, embaixo do travesseiro. Eu ficava triste quando tentava encontrar um novo gibi para ler, e o lado direito estava vazio. Naquele momento, apenas olhando para a janela ou o teto, ficava pensando onde eu poderia encontrar mais revistinhas para ler. Quando não tinha nenhuma nova, voltava a ler os que mais foram interessantes.

Eu amava ler os almanaques da Disney, pois eram mais grossos e, para mim, sempre mais divertidos e demorados para ler. Um dos almanaques que tenho muita saudades e sempre lembro é o número 100 do Tio Patinhas, que vinha com a moedinha nº 1 do pato mais rico do mundo como brinde. Também tem a história do desenhista da Disney Carl Barks, que faleceu em 2000.

Tive muitas coleções de gibis. Acredite ou não, quando peguei a primeira revistinha do Pato Donald eu ainda não sabia ler, mas ficava fascinado com os desenhos de cada quadrinho. Tive também as grandes revistas do Super-Homem. Foi um grande universo que fez parte de minha adolescência e, quando decidi doar tudo, foi triste de ver ir embora naqueles sacos grandes totalmente cheios.

Hoje apenas leio livros, e confesso, foi difícil encontrar o gosto e o amor pela leitura. Descobri que amo imensamente ler fantasia, voltada para um passado ilusório, imaginado, onde cada capítulo faz com que eu me sinta dentro de um mundo completamente encantador, onde um grande exército com cavalos encouraçados tem cavaleiros que, abaixando a viseira de seu elmo, se preparam para lutar contra uma legião de trolls!