Eu te amo
Não muito recentemente adotei uma técnica para todos os que passam em minha vida. Um ato que, para muitos, soa um tanto estranho e, para outros, um alívio na alma. Houve até um dia em que cheguei a um jovem e lhe disse as tais palavras. Ele então me questionou: por quê?
Apenas três palavrinhas muitos pequenas, mas que, pelo que tenho visto, assustam e muito. Para mim, esse ato é uma forma não apenas de agradecer a presença da pessoa comigo mas também de poder lhe ofertar a certeza do quanto ela é, sim, uma luz que brilha na vida de muitos.
Embora a monja Jetsunma Tenzin Palmo tenha uma grande revelação a nos fazer, quando a vi, realmente senti verdade em suas palavras, mas dizer para as pessoas “eu te amo” acende uma luz capaz até de provocar guerras.
Hoje mesmo, ao término de meu banho, cheguei para a “tia” (chamo de tias as auxiliares que são veteranas; são poucas aqui ainda e todas praticamente aposentadas) e lhe disse: eu te amo. Eis que de repente ela diz não gostar de ouvir aquilo, pois ninguém a amava. Disse até que um dia ouviu de certo alguém que ela seria uma pessoa invisível. Sabendo disso, eu a questionei se seria melhor ela crer nas palavras que não são verdadeiras ou nas boas palavras que vêm ao nosso encontro. Sua resposta foi que prefere as palavras que machucam, pois isso a faz se sentir melhor.
Infelizmente, não consigo entender o mundo em que hoje estamos. Na verdade, o mundo em si não tem culpa de nada, aliás é apenas um imenso e pequeno cenário onde se passaram muitas histórias de amor, sendo a principal a de Jesus Cristo – há aqueles que o seguem com o passar do tempo. Mahatma Gandhi lutou pelo amor de seu povo oprimido; Madre Tereza de Calcutá amou mais aos enfermos e sofridos do que a si própria.
Existem infinitos exemplos de amor ao redor do mundo que quase ninguém percebe, mas também há infinitos exemplos de desamor, e este, sim, se faz muito mais presente. Talvez não tenhamos ainda clareza do que estamos fazendo aqui na Terra, pois o que devemos enxergar pode ser algo tão pequeno, minúsculo, que está, sim, no meio de nós. Não temos ideia do poder significativo que essa molécula pode ter. Alguns receberam esse dom de ver e, além de ver, foram nutridos de uma capacidade de amar surpreendente.
Uma vez, conversando com um amigo, expus essa ideia tão louca de o ser humano querer imensamente fugir de algo que nem mesmo sabe o que é. Hoje mais ainda, desde uns 70 anos atrás, graças à tecnologia conseguimos conquistar o espaço. Com o início da guerra espacial, alguns crendo ou não, conquistamos o solo lunar. Hoje, queremos, mais do que tudo, ir a Marte, onde até teste de solidão está sendo feito com os voluntários que se dedicarem a esse avanço, em uma viagem sem retorno. Para mim, apesar de loucamente amar essa maravilha da engenharia humana, são atitudes de fugir do ventre materno.
Enquanto estamos aqui dentro, vivemos uma guerra de emoções. Não encontrando o que realmente nos satisfaz, provocamos a desordem.
Bem, posso dizer apenas uma verdade: eu amo você, que lê este texto.